22/02/2022

O sonho de Katia na America do Norte

 


Demorou alguns minutos depois que nós nos conhecemos e ela me contou sua história de vida e como veio parar nos Estados Unidos.

Neste dia eu fui a lanchonete brasileira próxima ao correio da cidade de Long Branch, pedi um pão de queijo, bolo de milho e um café. Ao meu lado sentou essa jovem, ainda com cara de menina, nos cumprimentamos mesmo sem nos conhecer e começamos uma longa conversa. Seu nome é Kátia e logo de cara nos demos bem. Começamos uma conversa que chegou ao final mas ficou aquela sensação de que ainda não acabou. Sabe aquela conversa que depois te deixa pensando: “- Essa conversa ainda não acabou!” “- Nos conhecemos agora mas temos tantas coisas a serem conversadas.”  Quando viajo para outro país eu vejo que cada imigrante vem com sua história de vida, carregada muitas vezes de sofrimento mas com vontade de realizar seu sonh


Katia me contou que sua  mãe e seu pai trabalhavam na roça, no Estado de Minas Gerais no Brasil. Os pais trabalhavam na roça de outra pessoa, eles têm quatro filhos e ela é a menor. Para as crianças da roça era normal aquela rotina de ajudar os pais um pouco lá e acolá. Eles cuidavam de galinhas, porcos, ovelhas, bezerros, vacas e de tudo que o dono da roça mandava. Tiravam leite da vaca, davam comida para os porcos, milho para as galinhas e regavam as hortaliças todos os dias. 


Um dia, o casal ouviu  falar que dava para viajar a outro país e chegar aos Estados Unidos, atravessando a fronteira do México. Souberam também que várias famílias de lá mesmo da cidade deles no sul de Minas e pessoas da roça já estavam indo. Eles se empolgaram e quiseram ir também. Gostaram da idèia porque  conseguiriam ganhar um pouco mais de dinheiro e dar uma vida digna aos seus quatro filhos; uma escola melhor, e boa alimentação. Se sobrasse algum dinheiro poderiam economizar para comprar a própria roça no Brasil. 


Empolgados com a vida melhor que teriam seus pais se prepararam para viajar aos Estados Unidos.  Portanto, nem tentaram um visto e decidiram que entrariam ilegalmente pela fronteira do México. Era década de 80 e tudo era normal. 


A viagem foi planejada com alguns poucos amigos de confiança e a família. O casal juntou tudo que tinham em 3 malas, preparou os 4  filhos, abandonaram a roça e foram embora. Os filhos  tinham respectivamente 07, 11, 13 e 15 anos.  A mais nova, a menina Kátia è que me conta esta história hoje.


Seus pais só conseguiram vir aos Estados Unidos porque tinha um amigo da família nos Estados Unidos que poderiam ajudar no que fosse preciso. Saíram todos bem arrumados da roça, com roupas novas, a mãe com unha feita, cabelo alisado, naquele tempo ainda  alisado a ferro. 


No dia da viagem a família estava toda reunida para a despedida. No aeroporto as crianças choravam e davam tchau aos avós que iriam ficar na roça e nem sabiam se um dia iriam reencontrar os netos.


Chegaram na cidade do México pelo aeroporto internacional  e seguiram  em direção a primeira cidade de fronteira. Na fronteira próxima ao rio, já não tinha como carregar e largaram as malas e tudo para trás. Esta parte do rio não é funda e dá para atravessar a pé mesmo,  mas as  crianças menores e as grávidas são levadas em uma canoa. Foi uma travessia difícil e  demorou alguns dias até que desse tudo certo e eles conseguissem ir para dentro do outro país. 

Chegando do outro lado, já nos Estados Unidos, caminharam muito até encontrar a primeira cidade onde pudessem tomar um avião e ir encontrar os amigos. 


Foram bem recebidos, nos primeiros dias tiveram que dividir casa com mais 9 pessoas; todas vindas do mesmo estado mas de cidades diferentes. Ficaram em uma casa com três quartos, dois banheiros, uma cozinha e sala de estar.  Os amigos que já estavam ali arrumaram trabalho para o casal. Ela foi trabalhar na faxina e ele na construção. Nos primeiros dias as crianças ficavam sozinhas em casa, os maiores cuidam dos menores. Após duas semanas as crianças já estavam todas na escola. Me disse que foi muito difícil  a vinda para os Estados Unidos porque teve que deixar seus amigos, seus avós e seus animais de estimação no Brasil.


Os pais  trabalharam duro durante sete anos, juntou dinheiro que dava para comprar uma pequena roça e  resolveram voltar para o Brasil.  Kátia me disse que não teve opção e contra sua vontade foi obrigada a voltar com os pais para o Brasil. Ela estava com 14 anos e os  outros três filhos, os homens  já com a mais de 18 anos decidiram ficar  nos Estados Unidos mesmo vivendo ilegalmente. A família se  separou, uns pra cá e outros pra lá. 

Os três jovens ficaram sozinhos, longe de seus avós, seus pais, primos e de toda a família. Assim como eles, tem vários jovens que ficam sozinhos, porque os pais resolvem voltar ao Brasil. Esses jovens trabalharam duro tanto quanto seus pais.Levavam uma vida normal com todas as dificuldades que um imigrante encontra. 

 A volta ao Brasil tambèm não foi fàcil para Katia pois teve que deixar seus colegas de escola e seus irmãos nos Estados Unidos. Na escola ela aprendeu a amar os Estados Unidos, como qualquer outra criança que estuda em escola americana. Me disse que poderia ter uma vida melhor nos Estados Unidos se seus pais não tivessem feito a besteira de ter ido embora e a levado. 

 Os pais levando ela de volta ao Brasil tiraram dela seu sonho de poder virar uma adolescente “Dreamer” (nome dado às crianças trazidas pelos pais e que cresceram nos Estados Unidos). Essas crianças passaram a ter alguns direitos a mais como imigrantes indocumentados, como por exemplo o acesso a alguns benefícios sociais do governo e um número de identificação, tipo um cpf nosso.  Elas também estudaram nas escolas americanas até o segundo grau. Após os estudos muitas delas têm  a possibilidade de se casar com algum  jovem americano e se tornar um cidadão legal com permanência.  Nas escolas muitos namoram e se casam entre si. Alguns americanos após o período escolar até se casam para ajudar algum colega de infância que esteja precisando de documento como uma gentileza ao amigo.

A vida escolar dela foi cortada e de novo as amizades deixadas para trás. Ela me diz que fica um pouco triste por isso porque aprendeu a amar este país mas não tem nenhuma chance para ela.


Ela passou parte de sua adolescência no Brasil e quando fez dezoito anos resolveu  voltar aos Estados Unidos. Como não conseguiu entrar legalmente, há 4 anos atrás, entrou ilegalmente pela fronteira do México, veio sozinha. Até  tentou o visto uma vez mas não conseguiu e resolveu se arriscar e deu certo. 


Hoje ela está casada com um brasileiro indocumentado como ela e juntos tem uma filha de 9 anos. Ele trabalha na construção e ela na faxina. Nós conversamos bastante e passamos o dia juntos. Eu a observava e achei a história dela diferente. O que mais me chamou atenção foi o jeito dela falar. A voz dela mudava quando falava inglês e tinha uma entonação diferente de quando falava portugues. Eu até perguntei se ela ficou com alguma sequela no cérebro por causa deste transtorno na vida  e ela me disse que não. Tem alguns aborrecimentos às vezes mas que já superou o fato dos pais terem feito isso com ela.


Os seus dois irmãos que ficaram nos Estados Unidos quando trabalharam na construção, em lanchonetes e em outros trabalhos que como ilegais poderiam fazer. Viveram seus sonhos de adolescentes, tiveram seus momentos de rebeldia sem apoio presencial de seus pais, tios, ou  avós. Receberam ajuda dos outros brasileiros da comunidade, dessa pequena cidade ao sul de New Jersey. Um dia cresceram e ficaram adultos, constituíram família.Seus filhos nasceram nos Estados Unidos, são americanos e estão indo a escola. Diferente do Japão que não dá nacionalidade para filhos de pais estrangeiros os Estados Unidos dá a nacionalidade para quem nascer no país. 

Não foi fácil, mas eles venceram, e hoje cada um tem sua família, um deles até conseguiu se legalizar e hoje tem a cidadania americana. 


A vida é assim, às vezes as pessoas se deparam com algo que não esperava que fosse acontecer. Às vezes um fiasco que você dá tudo pode mudar.  Os pais que estão no Brasil já fizeram de tudo para voltar com visto mas não conseguiram. Pediram perdão na corte americana mas não foi aceito. Quem entra pelo México ilegalmente e é descoberto não tem perdão.  Agora eles estão mais velhos e não tem mais coragem de se arriscar e entrar ilegalmente de novo pelo México como é o caso de muita gente. 


Já fazem dez anos que Kátia voltou ao Estados Unidos e me disse que sente muita saudade de seus pais, não vê a hora em que seus pais possam vir conhecer o neto. Reunir a família de novo se tornou um sonho quase impossível.  

A corte americana tem uma pena maior para quem entra ilegalmente pelo México. Desses, alguns passam a vida inteira tentando e não conseguem se legalizar  mesmo  casando-se com cidadãos americano. 


Esses pais irão demorar muito tempo para ver seus filhos, mas como a esperança é a última que morre eles continuaram  tentando.  

Katia não pode ir ao Brasil porque se for não consegue retornar. Quem fica ilegal e é pego tem uma pena de dez anos sem poder retornar.  Agora ela tem um filho americano, o filho poderia ir ao Brasil e retornar mas ela não. Enquanto isso é seguir trabalhando e vivendo a vida que tem que ser vivida do jeito como Deus queira. 


Para finalizar eu quero dizer que já ouvi muita gente falando que não tem esse sonho americano ou que  não entende porque as pessoas têm esse sonho com Estados Unidos. Quem não entende è porque nada o levou a pensar nisto, mas se um dia você estiver em uma situação que precise deste país para algo você vai entender o que significa esse sonho. Enquanto isso vamos continuar respeitando os sonhos dos outros. Sonhar faz parte da vida de alguns.

É a vida acontecendo, são pessoas, seres humanos se movendo no mundo com suas aspirações, sonhos e sofrimento. Desta forma o mundo se transforma. A vida muda, o sonho muda mas ele nunca morre.


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02/11/2021

Momentos dificeis e virou moradora de rua nos Estados Unidos

Essa é uma história de ficção. Qualquer semelhança com a realidade será  mera coincidência


Naquela manhã de outono em Long Branch no estado de New Jersey atravessei a rua com o meu café na mão. Eu estava vivendo ali há três quarteirões da avenida Broadway, bem na parte que tem alguns comércios brasileiros e mexicanos. Eu queria conversar com aquela mulher que eu vi pedindo dinheiro em frente a loja do indiano na Avenida  Broadway. O que me marcou foi que era uma senhora, e eu queria saber porque ela estava pedindo esmolas. Eu nunca tinha visto um brasileiro pedindo esmola nos Estados Unidos. Ela tinha esse jeito brasileiro das nossas origens indígenas, pequena, pele marrom, cabelo liso e preto. 

Eu pensei:"- O que levaria essa senhora a pedir esmola, nos Estados Unidos, o paìs mais rico do mundo?"

Alguns dias antes de encontra-la eu havia visto uma postagem  no facebook. Essa postagem na pagina da comunidade brasileira de Long Branch dizia que tinha uma senhora brasileira pedindo esmola na Broadway e que não era para ninguém dar nada e que essa senhora era pedinte e dormia nas ruas. Fiquei intrigada com esta postagem, achei injusto mas não sabia o que estava acontecendo. Nesta mesma semana encontrei essa senhora pedindo no mesmo lugar. Eu já tinha visto ela em uma tarde escura durante a semana, mas nao consegui me aproximar.

O outono estava próximo e o sol se pondo mais cedo.  Neste sábado de manhã e como todos os sábados de manhã eu estava saindo para  comprar meu café ali na lanchonete brasileira. Faz poucos meses que eu tinha chegado na cidade e tudo para mim ainda era novidade.  Eu andava pelas ruas apreciando cada folha cor vermelha, laranja ou amarela, o outono estava próximo e com aquela claridade cor de laranja por todos os lados.

Cheguei até ela, pedi licença e  ofereci um café,  perguntei para ela porque ela estava pedindo, e eu tinha visto uma postagem no facebook falando sobre ela. Me perguntou se eu estava disposta a ouvir a história de sua vida, eu disse que sim e ela me contou:

"- Eu vim para os Estados Unidos muito jovem quando eu ainda tinha meus vinte e poucos anos. Veio eu e meu irmão tentar a vida aqui na America. Quando chegamos há mais de vinte anos atrás, fomos morar em uma casa com oito brasileiros, todos recém chegados. Dormíamos em um colchão no chão, não tinha quarto e nem cama para todos.  Passado uns dias eu já arrumei um trabalho de ajudante de faxina,  e meu irmão conseguiu na construcao," disse-me ela.  Acordava cedo todos os dias e limpava de quatro a cinco casas por dia. A patroa brasileira, dona da agenda de casas, levava a gente em um carro bonito. Era eu e mais uma ajudante. 

"- Com este trabalho de ajudante eu consegui juntar algum dinheiro do que sobrava depois que pagava o aluguel e todas as outras contas. Eu e meu irmão ficamos ali naquela casa por alguns meses e depois conseguimos alugar um pequeno apartamento para nós. Com o tempo fui conversando com as pessoas que encontrava e consegui minhas próprias casas de faxina e não precisei mais ir de ajudante. Foi um alívio, eu agora não precisava mais ir como ajudante. Trabalhei com as pessoas mais ricas aqui do entorno da cidade de Long Branch.  Eu ganhava bastante dinheiro, eram minhas clientes e eu conseguia pagar todas  as minhas contas. Eu sempre tive carro bonito, roupas bonitas e meu apartamento que não era luxuoso e  eu vivia muito bem." Eu ouvia tudo com muita atenção sem interrompê-la,  na minha mente eu via essa senhora com aquele monte de sacolas, e pensava na dificuldade dela todos os dias; e ela continuou:

"- Ê minha filha nesta vida a gente só vale quando a gente pode trabalhar, quem não pode mais é descartada.  Está vendo essa minha mão aqui? "- Sim!" afirmei. "- Então esta minha mão torta deste jeito ficou assim de tanto trabalhar na faxina. Quando eu era jovem eu tinha energia, hoje já não tenho mais. Eu comecei com essa doença nas mãos que até hoje não sei o que é. Meu irmão foi embora porque ele ficou doente. Eu nao quis ir embora junto com ele pois se eu fosse iria ter que morar junto com minha irmã. Eu tinha uma casinha lá em Minas Gerais, mas dei a minha casinha para minha irmã que não tinha onde morar."

"- Cada dia mais minha mão foi ficando turva e as minhas clientes de faxina foram me dispensando porque eu não dava mais conta do trabalho" Fiquei sem ganhar nada, vendi meu carro. Meu dinheiro já não dava mais para pagar o apartamento e eu entreguei meu apartamento e fui morar nas ruas. 

"- Puxa vida," eu exclamava. "-E agora você mora onde?"

"- Eu não tenho casa, moro nas ruas. Há um tempo atrás algumas pessoas bondosas me acolhiam em suas casas, eu dormia uma noite em uma casa e outra noite em outra.  Hoje em dia não tenho mais ninguém. As vezes durmo em uma estação de trem, as vezes durmo em outra. Tem um homem bondoso na próxima estação que me deixa dormir lá. Eu chego cedo lá para dormir. durante o dia eu peço dinheiro para poder comer. Muitas das vezes estou em Nova Iorque porque lá é melhor. 

Senti muita compaixão por essa história de vida. Eu disse à mulher que ela poderia ir na igreja Saint James Church, ali perto mesmo que lá eles dão comida, e tem um programa social. Ela me disse que conhecia o programa , que já havia tentado mas que não conseguiu nada. 

Perguntei se ela tinha vontade de voltar ao Brasil e ela me disse que não, porque tinha vergonha de chegar lá como uma mendiga e não tinha mais onde morar. Me contou de novo que doou sua casa a irmã e que não tem mais lugar para morar. 

Eu dei  um dinheiro para ela e segui meu caminho para casa pensando na história de vida desta mulher. Viver fora do país da gente é difícil, encontramos muitas dificuldades. Muitas vezes quem está passando um momento difícil não fala nada, não reclama e parece que está tudo bem. Só quem vive fora, quem vê o que as pessoas passam fora do país entende o verdadeiro significado da palavra imigrante. Fico triste em saber que tem pessoas que não tem um lugar para dormir. Qualquer um pode ir parar na rua, ninguém está totalmente blindado. Mesmo que a pessoa tenha segurança financeira pode acontecer. Às vezes um problema mental, uma perda de memória também levam pessoas em situação de rua. Vamos cuidar mais dos nossos.

Obs: Agora já estamos no ano de 2021 e eu me deparei com um artigo de um jornal local da comunidade aqui que os brasileiros fizeram uma vaquinha e pagaram a passagem para essa senhora voltar ao Brasil. 

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03/10/2021

Vida e Sonho de Isaura - EUA

Essa é uma obra de ficção e qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência 


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 Só uma mulher muito forte tem essa coragem de pegar seus quatro filhos e atravessar a fronteira terrestre pela fronteira do  México e entrar  ilegalmente nos Estados Unidos . Ela chegou faz quatro semanas. Trouxe todos os filhos com ela, um casal de gêmeos com seis anos, uma menina de doze e um adolescente menino  de 17 anos. Eles vieram de uma pequena cidade do interior do norte de Minas Gerais, Brasil.


Eu conheci essa brasileira corajosa e logo de cara percebi que ela era uma mulher forte. Nos apresentamos tomamos um café e logo em seguida já começou a me contar sua história e como veio parar nos Estados Unidos.  


Com lágrimas nos olhos ela me disse que ninguém ajudava ela a cuidar de seus quatro filhos e que um dia queria ser imigrante. O pai das crianças não quis nem saber, quando se separaram ele deu as costas para a família e nunca ajudou ela em nada. 

No começo ela até insistia para o pai ir ver os filhos mas ele não ligava, então ela desistiu de vez. A família dela também não queria saber de ajudá-la. 


Ela me dizia que haviam passado fome e como teve que ser forte para continuar lutando para que não faltasse comida. Os meus olhos também enchiam de lágrimas e eu contei a ela um pouco da história da minha vida, nos emocionamos juntas neste dia. Ela se emocionava com a minha história e eu com a dela.


A vontade dela era um dia largar aquela vida dura no Brasil de cuidar sozinha dos filhos e ir para os Estados Unidos para tentar uma vida diferente. Era um sonho a realizar e no pensamento dela já tinha tudo organizado e os passos que daria para chegar até lá. 


Ela sempre pensava que chegando neste outro país seus filhos estudariam em uma escola melhor, teriam melhor alimentação e por isso fez todo esse esforço para sair do Brasil, pelos seus filhos. Queria dar  uma melhor educação para os filhos,e ganhar um pouco mais de dinheiro,  guardar uma, pois sonhava em comprar sua casa própria no Brasil.Ela sabia que da forma como vivia no Brasil e da falta de oportunidades naquela cidade pequena seu sonho da casa própria ficaria cada vez mais longe.


Aos poucos o pequeno negócio dela foi crescendo e ela montou um pequeno restaurante. A vida começou a melhorar desde quando ela fez esse restaurante, os filhos maiores ajudavam os menores. 


Mesmo depois do restaurante montado ela ainda tinha essa vontade de viajar e não parava de pensar nisso. Um dia ela  decidiu que iria e nada e nem ninguém a impediria de seguir seu sonho. Várias famílias de sua cidade já tinham ido, ela poderia ir também, pensava. Então resolveu se preparar, começou a guardar dinheiro, pagou as dívidas para ter crédito no banco e poder ter alguns cartões de crédito que a ajudariam chegar no México e passar pela imigração sem problemas. Aos poucos aquele sonho começava a ter um formato real e ela via que seria possível tornar realidade aquele sonho. 


O preparo para a viagem durou alguns anos, pois, a família era grande, e só de passagens era muito dinheiro para ela pagar sozinha. Lembrava que tinha que pagar também as pessoas que a ajudariam atravessar quando chegasse na fronteira.  Quando estava tudo pronto, ela pediu alguns cartões de crédito em vários bancos,  comprou as passagens no cartão de crédito. O dinheiro que ela tinha dava apenas para pagar as passagens até o México e pagar os coiotes que a levariam até a fronteira e a ajudariam atravessar para o outro lado que era Estados Unidos. Não sobraria nenhum centavo para começar a vida quando chegasse do outro lado. Comprou malas, roupas novas para as crianças, pegou alguns  cartões de crédito e levava o dinheiro na carteira que era uma quantia grande para pagar os coiotes.   


Essa historia se passa a mais de 4 anos e o sistema de entrada no Mexico para os brasileiros tinha acabado de ter uma mudança, estava facil entrar no Mexico, bastava preencher um formulario online no site do Consulado mexicano e pronto.  Era só chegar na imigração do México e  mostrar os cartões e o dinheiro e pronto, carimbo no passaporte e visto de seis meses para qualquer cidadão brasileiro. E do México era só seguir para a fronteira com os Estados Unidos.


Também era conhecido que na época quando essa história acontece todas as pessoas que chegassem na fronteira dos Estados Unidos com crianças eles colocariam para dentro dos Estados Unidos e ajudariam a pessoa a ficar lá, dando asilo. Muita gente entrou dessa forma. Teve pessoas que até pegaram os filhos de outros dizendo que eram seus para entrar. Houve muita confusão na fronteira mas no final quem era pra entrar entrou.


Nós rimos quando ela disse:

"- Que turista que nada minha filha, eu estava indo para a fronteira atravessar a pè. Torcer para ser encontrada na fronteira dentro dos Estados Unidos entrando ilegalmente.” Os cartões já não tinham crédito e o dinheiro já estava comprometido com o pagamento dos coiotes.


Até a chegada no México foi tranquilo, mas a  partir do portão de saída do aeroporto da Cidade do México tudo mudou, a vida de dureza começou.  Do outro lado, após passar pela imigração bem no portão de saída para o México já  encontrou o coiote.  Ele sabia a cor da roupa dela, das crianças, tipo de mala etc.,  tudo resolvido antecipadamente. O coiote passou do lado e mostrou uma tela do celular  com o nome dela e ela acompanhou ele. 


Saiu tipo rica do Brasil com dinheiro na carteira e  no México já ficou pobre. Ela sabia que o dinheiro da carteira era apenas para mostrar aos agentes da  imigração “- Entreguei todo o dinheiro na mão do coiote,” me disse. 


Do aeroporto, o coiote conduziu ela e os filhos até um ônibus que a levou na fronteira do México com os Estados Unidos. O caminho até lá era pelo meio do mato. Chegaram próximo a fronteira e a  partir deste ponto ainda em territorio mexicano  seguiram  a pé pelo deserto ate alcançar o deserto ja no lado dos Estados Unidos. Foi uma grande caminhada. 


Esta fronteira onde ela chegou não tem o porto de entrada ou seja uma imigração que controla o fluxo dos imigrantes. As pessoas vão andando uma parte por água , outra pelo deserto. Quem mostra o caminho são os coiotes. Esses que recebem dinheiro para colocar as pessoas de alguma forma para dentro dos Estados Unidos. Ela foi fazendo o caminho que os coiotes iam indicando. Era uma turma grande de pessoas caminhando juntos.


Teve um momento que ela já estava tão cansada que não conseguia mais andar com nada. Ela diz que andou tanto que foi largando as malas para trás. Pegava algumas roupas, as melhores  e tentava carregar, quando não dava mais, largava pra trás. Ela e seus quatro filhos chegaram nos Estados Unidos somente com a roupa do corpo, a bolsa de mão e o telefone.


 Quando não aguentava mais caminhar, as crianças cansadas, todo mundo com fome e sede, e foi nesse momento que ela foi pega ainda pela imigração do México. Conta que ficou morrendo de medo porque todas as pessoas que eram encontradas pela imigração mexicana acabavam presas lá mesmo e sendo deportadas para o país de origem. 


Foram para uma prisão suja e fedida,  ela me disse que ficavam umas cem pessoas em um só cômodo, o banheiro não tinha porta. Tudo lá dentro era filmado. O vaso sanitário era apenas um buraco no chão com uma câmera em cima para vigiar. Ali passou um dia e meio. Foi na manhã do próximo dia que ela recebeu um telefonema do coiote dizendo que ela estava liberada e que ele estaria na porta de saída  e a conduziria para outra fronteira já que nessa não deu para entrar.


Lá vai ela com seus três filhos caminhando, pegaram um ônibus, só com a roupa do corpo, algum alimento na bolsa de mão que ela pegou na prisão do México.  Pegaram um ônibus e fizeram um pequeno trecho de 5 horas e depois começaram a caminhar novamente e assim foi o dia todo e finalmente  conseguiram atravessar a fronteira  e entrar em território americano. 


Andou muito já dentro do território americano e quando já não aguentava mais apareceu um agente da imigração americana e ela foi encontrada junto com outras pessoas.  

Ficou feliz pois sabia que o sonho de entrar nos Estados Unidos tinha se realizado.  Ali mesmo eles já tomaram água e receberam comida. Disse que foram muito bem tratados pelos agentes americanos. Mal sabia ela o que viria ainda pela frente. 


Todos os encontrados junto com ela foram fazer o teste de covid. O teste de Isaura e de seu filho maior deu positivo e eles foram levados para um hotel que tinha virado hospital de campanha para imigrantes ali próximo a fronteira mesmo. Tudo isso e ainda junto o medo de ser mandada de volta para o Brasil. O que ninguém quer é ser mandado de volta, além da vergonha ainda não tem mais nada, nem dinheiro, nem casa, nem trabalho.  


Ficaram vinte dias  em tratamento nesse hospital de campanha, a família toda foi junto. Receberam toda a assistência que precisam sem pagar nada, claro, aliás se precisasse pagar nem teriam dinheiro, às crianças ficavam juntas e elas brincavam no hospital que tinha brinquedos, alimentos, roupas e doces. Não faltou comida para ninguém da família, ninguém passou fome, nem sede. 


 Laura estava desesperada para sair daquele hospital emergencial, pois, tinha que continuar sua vida, quatro filhos para criar, e ainda tinha as dívidas com os coiotes e fora as dívidas que deixou no Brasil. Primeiro tem que pagar os coiotes e depois as outras.   


Quando parecia  que as coisas começaram  a dar  certo depois que se curaram da covid, foram encaminhados para uma  prisão de imigrantes ilegais ali próximo à  fronteira. Permaneceram mais 15 dias e ainda tinha muita coisa para acontecer pela frente. Isaura não parava de rezar e pedir a Deus que liberasse ela o mais rápido possível pois as crianças estavam cansadas e ela já não aguentava mais toda aquela situação. 


Em uma manhã,  um agente a chamou e a levou para fazer  o exame de DNA para se um dia precisar confirmar que os filhos são dela mesmo.  Um advogado também conversou com ela,  e disse que seria o advogado dela para as questões de visto. Tinha que esperar o advogado  confirmar todo o acontecimento e dar o número de um caso, um endereço de um fórum  e o nome de um juiz onde ela vai ter que comparecer para se explicar melhor. 


Porque Isaura estava em território americano? O que Isaura estava tentando fazer? Qual é a história da vida de Isaura no Brasil? Como ela vivia em seu país? Onde está o pai de seus filhos? O juiz depois de ouvir tudo ele vai dar um parecer e dizer se Isaura poderá permanecer nos Estados Unidos trabalhando e cuidando de seus filhos. Após quinze dias foram liberados e uma família na pequena cidade da costa sul do estado de New Jersey acolheu Isaura e seus filhos. Ficaram todos dormindo em uma sala.


Ela me contou que no dia que chegou nessa casa teve um ataque de choro tão forte que todos se assustaram. Ficou um pouco apertado mas é provisório. Isaura agora está juntando dinheiro para poder dar um sinal de depósito do aluguel da casa  para ela e seus filhos morarem. Sim, ela já está trabalhando como ajudante de faxina e seu filho mais velho, o de 17  anos também trabalha como ajudante de pedreiro. 


Agora é organizar a vida, colocar as crianças na escola e viver o melhor de seus sonhos. É um sonho, mas que tem que trabalhar e muito para se manter. Depois de tudo isso talvez passar a vida toda trabalhando de 

faxineira na casa de americanos para manter a vida neste país onde nada é fácil. O país onde o filho chora e a mãe não vê, diz o ditado popular dos imigrantes ilegais brasileiros. 


Trabalhava de cozinheira todos os dias em um restaurante pequeno no centro dessa pequena cidade na costa sul do estado de New Jersey. Para economizar e fazer mais renda, ela começou a fazer comida aos finais de semana quando estava em casa. Mesmo cansada, ela continuava trabalhando aos finais de semana. 


O filho mais velho de Isaura é um menino super inteligente e esforçado, já chegou falando inglês, pois como a mãe comentava desde pequeno lá no Brasil que queria um dia imigrar aos Estados Unidos. Ele estudou sozinho em casa para aprender a falar inglês, e hoje o menino traduz tudo para a mãe. 


Isaura me contou sua história com muita emoção, uma história de sucesso, ela conseguiu entrar, seus filhos já estavam estudando e ainda precisava organizar os documentos da escola dos quatro filhos


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02/09/2021

O aniversario do menino

Aniversario de uma menino nos Estados Unidos, imigrantes e suas impressoes

Esta è uma história de ficção e qualquer semelhança com a realidade è mera coincidência


Todos os dias de manhã quando sua mãe acordava e começava os preparativos para levar as crianças na escola, Steve já estava acordado brincando com seus irmãos no andar de baixo da grande casa de três andares. Ele e seus irmãos não tinham limites nessas poucas horas  que não tinha nenhum adulto inspecionando.  Parece que combinavam de acordar todos no mesmo horário. Subiam nos balcões da cozinha para pegar doces, balas e biscoitos. Além de comer todos os doces que queriam, tiravam  todos os brinquedos do armário, mas, não brincavam com nenhum,  e esparramavam todos os brinquedos pelo chão  do andar de baixo.

Às vezes eles  brincavam com um brinquedo durante bastante tempo, mas era raro. Todos os dias eles aproveitavam que seus pais ainda dormiam e faziam tudo o que queriam. Foi interessante ver as crianças fazendo tudo que não podem fazer perto dos pais.  Eu só observava, fazia apenas 20 dias que eu estava ali e eu ficava de olho para ver se eles poderiam se machucar com algo. 

As crianças estavam livres todas as manhãs. Ali naquela parte da casa, cozinha e sala de tv as crianças faziam tipo festa, comia o que queriam, dava uma mordida largava e pegava outra comida etc. Os três sempre consentiram  em ver o desenho animado que o outro queria, então não tinha briga. Talvez eles soubessem que não podia assistir a essa hora. Normalmente estavam vendo os animes de ninjas do Japão.

Quando a mãe de Steve acordou neste dia ela desceu as escadas e ao chegar na sala viu que as crianças já estavam todas em frente ao computador sentados em uma mesma cadeira.   Os três sempre consentiram  em ver o desenho animado que o outro queria, então não tinha briga. Talvez eles soubessem que não podia assistir a essa hora. Eu sempre dava uma olhadinha pra ver o que eles gostavam e normalmente estavam vendo os animes de ninjas do Japão.

Quando viram a mãe todos pularam da cadeira e correram atrás dela. Se arrumavam  com roupa social como se fossem gente grande; aliás, todos os dias de manhã usavam roupas sociais, um tipo esporte fino e a menina ia com os melhores vestidos, sapatos e cabelo arrumado.

Steve, o menino do meio fazia aniversário, ele sabia e  acordou mais cedo que seus irmãos e pulou em cima deles para acordá-los e foram todos ao andar de baixo. No balcão grande da cozinha havia algumas caixas com bala, alguns brinquedos e lembrancinhas de aniversário. Steve subiu em cima do balcão e começou a tirar tudo de dentro. Olhou todos os saquinhos e foi brincar.

Ele estava fazendo cinco aninhos, mas já andava com roupas sociais como se fosse um homem adulto. Até gravata infantil ele usava às sextas à noite ou em algum evento especial. Steve é um menino de cabelos pretos, pele branca e olhos azuis como de uma água cristalina, e muito meigo.

Neste dia ajudaram a carregar as pequenas caixas e foram para a escola, o ônibus passava para pegar os maiores e um outro carro pegava a menor, mas neste dia Steve e seu irmão mais velho foram de carro com a mãe. Enquanto isso, o bebe ainda dormia lá em cima com o pai.

Eu vi que tinha uma atmosfera bonita no ar, quando as  crianças voltavam da escola, elas voltaram cantando e Steve tinha uma coroa na cabeça, hoje ele era o Rei.  Como sempre iam dormir às sete horas da noite todos os dias.  Não é porque Steve faz aniversário que pode ir dormir a hora que quiser. Quem manda no tempo é a mãe e como de costume as crianças foram dormir no mesmo horário. As quatro horas da tarde já estavam começando a refeição do jantar. 

O jantar sempre  durava bastante  tempo, e sua mãe tinha paciência para esperar até que todos comessem alguma coisa. Um comia correndo, um sentado, o outro em pé, comia como quisessem, todos os dias da semana eram assim, parecia festa.  Todos os  finais de semana as crianças já sabiam: festa na sexta e continuava no sábado. Mesmo no final de semana o jantar e o  horário de dormir eram iguais, nada mudava. 

Quando acordou no outro dia  bem cedinho, após seu aniversário  antes de todos viu que a sala de estar estava toda enfeitada; decorada com balões de gás, um tema de desenho animado e a mesa já posta, faltava só a comida.  Steve estava feliz.

Naquela tarde começaram a chegar muitas outras crianças e uma pequena festa aconteceu neste dia. As crianças aproveitaram os doces, bolos, balões e se divertiram muito. Não houve nada de errado, nenhum choro, todas se comportaram muito bem. Sentaram todos na mesa para comer o bolo. Steve ganhou alguns presentes e foram mais brinquedos e teve um que ele gostou mais e brincou a festa toda com este.

 Quando acabou a festa sua mãe pegou os balões de gás e colocou todos em volta da cama de Steve, ficou muito bonito o quarto dos meninos. Os balões ficaram dias ali até murcharem e serem retirados. 

Foi a  comemoração mais linda e duradoura que eu já vi de um aniversário.  A festa do menino ortodoxo durou 5 dias.  Eu já tinha certeza que quando a mãe está fazendo algo para a criança elas ficam muito boazinhas. Eu percebi que a mãe esticou aquela festa de aniversário para o menino se comportar. Foi um sucesso, meta alcançada. Uma festa simples, pequena com pessoas que  a criança ama , e tudo o que elas precisam. As crianças precisam de tempo, espaço, disciplina e amor para desenvolver todo seu potencial.

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08/08/2021

História de Espiritos no Japão- Blog

Aqui todo mundo sabe ou ja viu algum espirito andando por ai ou dentro de alguma casa.


A primeira vez que vi um espírito no Japão foi em uma estação de trem em Tokyo. Até então  eu não sabia que Japão é o país onde os espíritos andam na terra. 



🔆

Era uma bela manhã de outono em Tokyo, maior cidade do Japão, e maior centro econômico do mundo junto com São Paulo e Nova Iorque , ainda era os anos 80. A globalização estava a todo vapor e em pleno centro da cidade de Tokio aconteceu.


Estava eu visitando  a tia por uns dias e quis ir dar um rolê no final da tarde. Estava aprendendo a andar sozinha no Japão e dava para me virar bem sendo analfabeta, lendo hiragana e katakana, que são duas escritas para analfabetos. Me arrumei toda e fui para a estação de trem. Deu tudo certo, as dificuldades de sempre para comprar o bilhete nas maquinas, mas comprei meu bilhete, passei a catraca e cheguei na plataforma. 


Haviam algumas pessoas na plataforma, e eu caminhei mais a frente e sentei no banquinho de madeira que estava à minha esquerda. Olhei para o lado e vi uma senhora sentada ao meu lado sorrindo, e eu sorri para ela. Quando eu virei de novo e fui olhar: “-Cade a mulher?” Perguntei a mim mesma em pensamento. A mulher não estava mais lá, de repente desapareceu. Olhei a frente e vi que uma pessoa andava, mas sem as pernas, e desapareceu no meio das pessoas que estavam ali em pe esperando o trem.

Eu fiquei assustada demais, pois tinha certeza que a mulher estava do meu lado. Voltei para casa assustada e já não queria mais ir a lugar algum. 


Abri a portinha de correr da sala da tia, entrei ofegante e a tia perguntou:

" - Já voltou?"  Assustada eu contei a ela o que aconteceu, que tinha visto uma mulher ao meu lado, andou mas não tinha pernas. Ela disse:

"- Aqui todo mundo já viu este obaque, (fantasma)  ela não tem perna, está sempre lá na estação, nunca sai de lá." Disse ela rindo e debochando como quem diz:

"-Tá com medo de que mesmo? 

-" Nao precisa ficar com medo, ela é boazinha.  


Desde então os espíritos apareciam para mim, foram várias ocasiões. Quando eu contava a  alguém  o que estava vendo, todos diziam "- Ah tudo bem, isso é normal. Aqui todo mundo vê." 




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25/07/2021

A viagem de Laura - brasileiros no exterior- Blog

Esta é uma obra de ficção e qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência




“A América é muito grande para sonhos pequenos.” Ronald Reagan


Essa pequena história pretende colocar o leitor no mundo encantado da vida de brasileiros vivendo legal ou ilegal no exterior.

Conto a história de uma jovem e de como ela teve que ficar longe de seus pais desde pequena para realizar o famoso "sonho americano." Mal ela sabia o que teria que passar para encontrar seus pais.


A viagem de Laura

 Ela estava no carro juntamente com outra pessoa, e a outra a chamava pelo apelido de coiote e dizia:"-Coiote, pega o cigarro pra mim." Eu não sabia o que isso significava e perguntei: - Porque ela te chama desse jeito? Então ela me contou sua história e como veio parar nos Estados Unidos.

Laura tem um filho e todos os dias deixa seu filho na casa da babá e entra no carro da patroa e juntas seguem para mais dia de Lere. As duas mulheres brasileiras, de  personalidades fortes,  trabalham de faxineira, e Laura é a ajudante. Está nos Estados Unidos há três anos.

Ela  é jovem, ajudante, alegre e feliz. Ela me contou que seus pais a deixaram no Brasil com sua avó ainda com 11 anos de idade. Os pais atravessaram a fronteira com o México há 7 anos atrás e vivem em uma pequena cidade da costa norte de New Jersey.


Ela ficou triste quando seus pais foram embora, mas aceitou porque os pais contaram que estavam indo atrás de melhores condições de vida para ela.   Ela entendeu que era um momento difícil e ficou bem ao lado de sua avó. Seus pais enviavam presentes sempre e se comunicavam quase todos os dias com ela. Mandavam dinheiro para os avós comprarem tudo que ela queria comer e fazer de tudo para Laura ter uma melhor qualidade de vida.


Estados Unidos era o sonho de Laura, um dia chegaria lá. Sonhava em reencontrar seus pais. O país conseguiu se arranjar no país e viviam bem, conseguiam se comunicar quase todos os dias. Laura ficava feliz de falar com  os pais mas sentia muita saudade. Ela foi crescendo assim foi sozinha longe deles. Ela pensava todos os dias em seus pais e ficava imaginando o dia em que os encontraria novamente. Foi crescendo e se desenvolvendo bem como todas as crianças do povoado, esses povoados de roça  em algum lugar do Brasil; indo para a escola a pé, andando pelas ruas de terra sujando-se e brincando com os muitos amigos da escola e os vizinhos de roça. Gostava de brincar e correr com as galinhas, se sujar na lama em dias de chuva e à noite sua avó lhe contava histórias que ela gostava.  Comia cuscuz e pão de queijo que sua vò mesmo fazia.


Seu sonho desde pequena era encontrar seus pais. Um dia ela percebeu que estava crescendo e cada dia mais lembrava a promessa que seus pais haviam feito e disseram:

" Filha, quando você fizer dezoito anos vai juntar-se a nós!" E então prometeram fazer tudo o que precisasse para que a promessa fosse cumprida.


Quando estava perto de completar seus dezoito anos Laura ficou sabendo que poderia começar os preparativos para que ela finalmente pudesse viajar para onde seus pais estavam. Foram dias e meses de emoção para os preparativos da viagem e  Laura achava que este dia nunca chegaria mais.  Tirou fotografia, e ficou toda orgulhosa com seu primeiro passaporte.


Lá vai ela, comprou uma mala grande e colocou seus sonhos e  suas melhores roupas dentro dela. Se arrumou linda, comprou roupas novas, colocou sainha e bota compridas, ouviu falar que lá fazia frio.  Bolsa a tiracolo e lá foi ela para o aeroporto  Disse-me que foi a maior alegria no aeroporto, a família da avó todo mundo do povoado foi se despedir dela.  Saiu linda, feliz , rica e nunca imaginava o que viria pela frente e as dificuldades que iria enfrentar. 


Laura entrou no avião meio assustada mas feliz porque iria reencontrar seus pais. O voo foi direto para o México, ela sabia que iria ter que atravessar e entrar ilegalmente no país mas não imaginava que fosse tão difícil. Os pais não esconderam dela e passaram toda a dica do que ela teria que fazer , com quem falar e quem iria acompanhá-la. Chegando no México alguns homens estranhos pegaram ela no aeroporto e levaram ela juntamente com outros latino americanos para uma casa dentro do mato. Neste  momento ela percebeu que teria dificuldades para encontrá-los e ficou com um pouco de medo. Laura ficou forte e pensou positivo. Nesta casa ela ficou mais de quinze dias aguardando. Disse-me que logo que chegou na casa um homem mal encarado que cuidava de todos disse a ela: "- Me dá essa bota que minha irmã quer uma dessa!” Ela não ia desobedecer uma ordem do mal encarado, tirou a bota e deu. Aos poucos ele foi pedindo tudo, bolsa, vestido etc. e ela ficou apenas de blusinha curta e um shortinho daqueles que se usa no alto verão insuportável do Brasil. Passados quinze dias, ela já não aguentava mais ficar naquela casa com um monte de estranhos e um monte de mal encarados fazendo guarda. 


Passado este tempo Laura foi mandada para um buraco escuro e  disseram que ela tinha que ficar neste buraco até poder ser transferida para o outro lado da fronteira. Ficou três dias dentro desse buraco sujo. Os homens, todos mal encarados, traziam comida e água para ela. Em um momento um dos homens mal encarados, os chamados coiotes, que são pagos para fazer a travessia de ilegais a chamou e disse: “- Laura, está vendo aquele campo de futebol ali?

"-Então, você vai atravessar ele correndo. Na hora que eu disser vai,você corre bem no meio em linha reta no meio do jogo mesmo. Seus pais estão te esperando do outro lado, e lá já é Estados Unidos."


Ela me contou que na hora que ele falou que seus pais estavam do outro lado ela saiu em disparada no meio do jogo só de blusinha e short e chegou do outro lado. Foi uma alegria porque realmente lá estava seu pai e sua mãe. Foram dias felizes, teve churrasco, forró e cerveja. O pai tinha até feito uma promessa que nunca mais iria fumar caso conseguisse encontrar a filha neste país,  perguntei se ele cumpriu a promessa e a resposta foi: "- Nunca mais ele botou um cigarro na boca" Já Laura, segue fumando…..


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Imigrante no Japao- 1993

Chegamos no Japão, eu com minha família, duas filhas e o marido nativo do Japão.  Era mês de agosto, estava calor e era o mês das festas...

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