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10/08/2023

Ebook: Contos antigos do Japão




Adquira este ebook em formato PDF,  doze contos traduzidos oralmente e compilados, dois contos que ja estavam traduzidos e foram compilados. Os contos foram retirados de um livro de contos antigos do Japão, e aos poucos fui traduzindo um por um com a ajuda das minhas filhas.   

Correção e formatação: Katia Portes

Nome dos contos: 
1-  O pardal da Língua Cortada
2-  Os Tamancos do Tesouro
3-  O Agradecimento da Cegonha 
4-  Momotaro
5 - A Princesa Radiante 
6 - Tanabata 
7- O Vovô que tinha um caroço 
8- A Montanha Kati-Kati 
9- Urashima Tarô 
10- O Camponês 
11- O macaco e o Caranguejo
12- Tesouro do Céu e Tesouro da terra
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Recebemos várias formas de pagamentos.
Após o pagamento você receberá em seu ebook em formato de PDF, atraves do seu email.
Se quiser pode fazer o pagamento em formato de pix: chave: eliseteonuki@hotmail.com

e me avise que enviarei o livro eletronico em seu email. Apenas texto. Obrigada.

email: eliseteonuki@hotmail.com


Obs: 50% das vendas serão revertidas para o projeto de

Combate à Fome na cidade de São Paulo e 50% para

manutenção do blog e publicar outros tìtulos.




                         Quem acredita sempre alcança.


14/02/2023

Mae e filha vivem Sonho Americano


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          Essa é uma obra de ficção e qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência


Vieram desta pequena cidade do interior do Brasil com visto de turista, gostaram do país e resolveram ficar nos Estados Unidos e viver o sonho americano.

Me contou que cresceu em uma pequena cidade do interior, seus pais tiveram condições de dar uma boa educação para ela, a mais nova e seus sete irmãos. Foi educada com todo carinho pelos pais. Sua família sempre foi unida e eram felizes. Sempre se deu bem com os irmãos e vivia uma vida pacata no interior de Minas Gerais. Seus pais sempre trabalharam duro para manter todos os filhos bem vestidos, alimentados e estudando. Aos finais de semana sua casa estava sempre cheia de gente e a mesa sempre farta para todos que chegassem. Seus pais gostavam de receber visitas e também pessoas que eles ajudavam de alguma forma, seja emprestando dinheiro, aconselhando ou hospedando em sua casa.


Ela casou-se bem jovem e quando conheceu seu primeiro namorado que morava na mesma cidade foi morar com ele, nunca se casou. Um dia ele resolveu que iria embora para os Estados Unidos e foi embora para Nova Iorque. Ela ficou triste, sozinha, e só pensava nele. Ficou esperando e passou um ano, ele não voltou, então ela se organizou e foi atrás dele. Chegando lá moraram juntos e então ela ficou um ano na cidade. Trabalhava em alguns restaurantes e o namorado era cozinheiro.Ficaram um ano nessa vida de trabalho duro em Nova Iorque mas ele quis retornar ao Brasil e ela voltou com ele. Aconteceu que mesmo voltando ela ficou com aquela vontade de um dia voltar para essa cidade, ela gostou muito e nunca esqueceu aqueles dias felizes que viveu com seu namorado em Nova Iorque.

Voltaram ao Brasil e continuaram morando na mesma cidade do interior. Juntos tiveram dois filhos, Stefani e Douglas, ela vivia com seu esposo, mas sempre imaginava-se um dia voltando a Nova Iorque. Eles moravam nesta pequena cidade do interior, que ficava cada dia parecendo menor para ela. Dava suas aulas, gostava do trabalho mas não estava feliz.Ela estudou muito e foi para a faculdade e fez a graduação em pedagogia. Ao terminar a graduação estudou para concurso público e passou a trabalhar em uma escola do mesmo bairro onde morava e dava aulas nessa pequena escola. Conhecia todos os alunos, sabia onde eles moravam e também conhecia e sabia quem eram os pais de seus alunos. Todos seus alunos gostavam dela como professora, pois era muito dedicada na sua tarefa.Um dia ela percebeu o quanto estava cansada daquela situação, professora, trabalha muito, ganha pouco, não era valorizada e, dentro dela sempre aquela vontade forte de mudar de vida.


O marido era bom mas se envolveu começou a usar drogas pesadas e a vida dela passou de calmaria a pesadelo. O pai já não se importava com nada. Levava as crianças pra sair com ele mesmo sabendo dos riscos que corria ao portar drogas. O marido já não estava mais fazendo bem seu papel de marido e nem o de pai. Fazia tempo que ela era o esteio da família. Um dia ele acabou preso por porte de drogas em seu carro.Ficou cansada daquela cidade pequena, perdeu o brilho do olhar e  onde as pessoas sempre se sentam nas calçadas de suas casas e ficam falando da vida dos outros.


Tudo que acontece na cidade todo mundo sabe. Ela queria  sair desta vida e não aguentava mais andar nos mesmos lugares e todos que ela encontrava a conheciam e sabiam de tudo de sua vida que não estava sendo nada fácilEla cuidou muito bem de seu casal de filhos. Foi dando aula na escola, trabalhando todos os dias que ela os criou sozinha.Estefani, a sua filha também me contou que sonhava desde criança o dia em que sairia daquela cidade, queria viver nos Estados Unidos. Teve essa vontade desde pequena, pois vários de seus amigos de infância já tinham ido embora e a cidade foi ficando cada vez mais vazia. Permaneciam nela apenas os mais velhos ou um ou outro jovem que não queria imigrar. Como muitos de seus amigos já estavam vivendo como imigrantes nos Estados Unidos, ela também  queria tentar uma vida diferente, aprender inglês, trabalhar, juntar dólares e ter uma vida mais confortável.

A filha da professora, a Estefani, me disse que quando fez dezoito anos quis viajar aos Estados Unidos pois não dependia mais de seu pai para autorizar e foi conversar com a mãe para acompanhá-la e ficou surpresa quando a mãe concordou em ir e que pensava nisto ha muito tempo.Começaram os preparativos e iriam mãe e filha juntas, a princípio iriam para a Disneylândia, e de lá deixariam que o coração e o sonho as guiasse, assim pensaram e assim fizeram. Cada uma com sua imaginação, e nunca perdendo o fio da meada de seus sonhos que era ter uma vida melhor, com conforto, dinheiro e em outro lugar onde as pessoas não ficariam mais falando da vida delas.O filho que era o irmão mais velho de Stefani,  sempre gostou de estudar e com 18 anos já estava cursando medicina na universidade. Ele saiu da pequena cidade e foi para a capital. Desde pequeno sempre sonhou em estudar e se formar. Foi nos bancos do ensino médio que um professor logo percebeu que ele era inteligente e com mentalidade avançada, diferente dos outros meninos da classe e Douglas ganhou bolsa de estudos.

Tudo combinado, elas viajaram e Douglas poderia ir depois quando terminasse a faculdade Quando sua mãe e irmã partiram ele não queria trancar a matrícula da faculdade para viajar com elas e  preferiu ficar. Ficou triste e abatido; chorou calado, mas a mãe me contou que mesmo sofrendo ele  sabia que naquele momento era importante para sua mãe e irmã sair desta pequena cidade em busca de seus sonhos de uma vida melhor.

Imaginaram juntas como seria a vida longe da pequena cidade, e fizeram um plano de viagem, seus passaportes, pediram o visto no Consulado dos Estados Unidos em Goiânia no Brasil. Quando foram à entrevista, ela fez um rabo de cavalo no cabelo e no mesmo dia conseguiram o visto de turista para visitar a Disneylândia.&nbspSe prepararam durante alguns meses, compraram a passagem, colocaram roupas novas, juntaram objetos pessoais, roupas,  alguns objetos sentimentais, tudo deu três malas de 30 kg cada. Bolsas a tiracolo, sentimento na razão e com muita emoção partiram para  uma nova vida. No dia da viagem, arrumaram os cabelos, fizeram as unhas e seguiram para o aeroporto acompanhadas de parentes e poucos amigos.Foi tudo tão emocionante, muito choro e que ela ainda lembra desse último dia no Brasil e me conta com lágrimas nos olhos os detalhes.  Como sempre a hora da partida é triste. Tudo que elas tinham ficou para trás, casa, parentes, amigos e a cidade pequena com seus moradores e suas calçadas. Seu pai e sua mãe já tinham falecido, e seus irmãos tinham se casado, e cada um tomou o rumo da sua vida. Ela não fez diferente e partiu.

Chegando nos Estados Unidos elas nem foram à Disney, foram direto na casa onde iriam ficar.  Alguns conhecidos que já moravam nos Estados Unidos se propuseram a ajudá-las, e foram bem recebidos na casa de um deles. Nessa casa onde foram recebidas, moravam  três mulheres brasileiras da mesma cidade e que também entraram nessa aventura de viver como imigrantes.Começaram uma nova vida nos Estados Unidos,  mãe e filha.

Já fazem três anos que chegaram e permanecem juntas até hoje. As duas são lindas, dessas brasileiras de cabelo preto, pele branca, olhar radiante e sempre com um leve sorriso no rosto.Na primeira semana  que chegaram já arrumaram trabalho como ajudante de faxina e começaram a ganhar dinheiro todo dia. Todos os dias acordava às seis da manhã, tomavam seu cafezinho preto, arrumavam suas marmitas e iam mãe e filha para trabalhar. Limpavam de 3 a seis casas por dia. Limpavam  uma casa e quando terminava entravam no carro e iam em outra casa para limpar e em mais outra e se tivesse outra tinha que ir também. Elas nunca tinham trabalhado de faxina, não sabia pegar em um rodo direito. Tiveram  que aprender sofrendo, em um país estranho, mas o ganho compensa, chegava no final da semana recebiam um bom dinheiro.

Foram  tão humilhadas várias  vezes  como nunca tinham sido na vida. Uma vez a mulher que levou ela pra trabalhar de repente começou gritar com ela porque não tinha limpado direito o chão da cozinha e começou a gritar com ela sem parar, ela simplesmente ficou em silêncio. Outra, tratava ela mal, e sempre quando iam ensinar algo para ela faziam com muita estupidez. 

Ela me conta que foi uma época muito difícil para as duas. Às vezes choravam mas aguentaram firmes, não perdeu tempo e nas horas vagas sempre estudava inglês. Aos poucos se organizaram, juntaram um pouco de dinheiro e alugaram seu próprio apartamento. Pensavam que como nao tinham um visto para permananecer nos Estados Unidos o jeito era permanecer ilegal se quisessem realizar aquele sonho de guardar dinheiro, ter uma vida confortavel e viverem com mais seguranca. Assim o fizeram e continuaram ali naquela mesma cidade onde chegaram e permanecem até hoje, uma cidade à beira mar no sul de Nova Jersey.

Stefani gosta de sertanejo e funk, hoje ela tem 24 anos e vive a vida intensamente. Decidiu que quer ser rica, que se não tiver sorte no amor pelo menos que tenha nos negócios. Ela me contou como é sensível e como sendo tão jovem já viveu tanto. Já teve muitas emoções, namorou, amou, sofreu com a separação de seus pais. Teve que se adaptar a uma nova vida e se entrega demasiado às amizades e se apaixona rápido.  Me conta que apesar de tudo está feliz por estar em um país que lhe proporciona segurança e tem trabalho vai para qualquer lugar, aprendeu a dirigir tirou sua carta de motorista aos 21 anos e pode fazer o que quiser com liberdade.  

Não retornaram ao Brasil  e nisto já se passaram  quatro anos que Stefani e sua mãe não viam o irmão de Stefani. Conseguiram juntar algum dinheiro para ajudar o irmão de Stefani, o Douglas vir encontrá-las pois a saudade e a vontade de se reunirem era grande. Passado um tempo deu tudo certo e as duas foram buscar ele no aeroporto John  Kennedy em Nova Iorque. A emoção do encontro depois de tanto tempo sem se encontrarem veio e o choro foi inevitável.O encontro deles foi lindo. Eu pude presenciar, me emocionei diversas vezes com a história dessa família, foram  muitas conversas entre eles.

Muitas palavras não ditas neste tempo de separação e que precisava agora depois de todo esse tempo perdido de convivência ser recuperado nas poucas semanas que ele esteve junto com elas. Fizeram todos os passeios que o Douglas queria, ele aprendeu a falar inglês sozinho no Brasil, nunca frequentou nenhuma escola. Aproveitaram o máximo do tempo com ele. No dia marcado para Douglas ir embora foi triste e os três choraram, se abraçaram e prometeram nunca esquecer do amor que os une para sempre. Até hoje, ao escrever esta história eu me emociono e as lágrimas vêm aos olhos, porque eu sei como esse sentimento vem forte e afeta quem passa por uma  separação familiar onde você não pode ver e nem tocar quem você ama por anos e anos a fio. O encontro é emocionante e a felicidade é como um raio, ela vem e vai embora rápido.  O sonho é lindo, e a realidade é dura, às vezes triste mas sempre com positividade.

A vida segue, e a vida  continua; como imigrante em um país distante você tem que falar outra língua, aprender novas culturas e trabalhar muito se quiser sobreviver. Independente de todos os problemas que os imigrantes têm que enfrentar no exterior continuam firmes. Vem uma força de não sei onde que passa por cima das lágrimas, da emoção do encontro com o familiar que agora está longe de novo e que não  pode tocar.Fale comigo

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19/12/2022

Perdeu o amor dos filhos ao procurar uma vida melhor

                              

                   

Essa é uma obra de ficção e qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência


A mulher me procurou porque ficou sabendo por uma outra pessoa que eu era costureira. Ela disse que queria fazer algumas capas de almofadas. Me mostrou o modelo, as cores que queria e ficou bastante tempo no meu quarto. Eu alugava este quarto na casa de uma família e estava como turista de longa data naquela pequena cidade à beira mar em New Jersey. 
O tempo passou rápido e  eu percebi que ela tinha lágrimas nos olhos enquanto conversavamos e disse que me convidaria para almoçar com ela em um restaurante chinês enorme ali na cidade de Eatontown ao lado da cidade de Long Branch, em New Jersey e que tinha vários pratos diferentes de comida chinesa. 
Como prometido, um dia ela me ligou, fez o convite e passou na minha casa de carro. Entrei naquele carro grande, bonito e com cheiro de produtos de limpeza, havia rodinhos e panos de chão. 

Era um restaurante enorme, tipo self service, parecia os restaurantes brasileiros com enorme buffet. Então pude experimentar vários pratos deliciosos da culinária chinesa. Ela não sabia, mas falou com a pessoa certa, eu respeito muito quem me oferece comida mais do que qualquer outra coisa.  A comida é sagrada e quando a pessoa oferece é porque quer dar o seu melhor. No restaurante sentamos em uma mesa grande só para nós e ela disse que eu poderia me servir a vontade e pedir a bebida que eu quisesse que ela iria pagar tudo. 
Com os olhos cheios de lágrimas ela começou a me contar sua história de vida.

Ficamos quatro horas lá dentro, lá fora fazia muito frio e o chão estava todo branco coberto de neve. 
Me contou que quando ainda morava no Brasil era casada e teve três filhos, um menino e duas meninas. Ela era dessa pequena cidade do interior de Goiânia e sonhava em um dia morar nos Estados Unidos para dar uma vida melhor aos filhos. Ficaria alguns anos e depois voltaria com certeza para continuar a vida pacata de interior ao lado de seus filhos e sua família. 
O pai já tinha abandonado a família fazia tempo e não ajudava em nada. Sua família fazia o possível para ajudá-la, mas assim como ela tinham poucos recursos financeiros. O pai, não vinha ver os  os filhos toda semana,  só vinha quando dava na cabeça e bem de vez em quando.

Ela sempre teve essa vontade de ir para algum lugar onde pudesse trabalhar e ser bem paga pelo trabalho duro que sabia exercer: fazer faxina.
Finalmente ela conseguiu se organizar com a ajuda da familia e foi de encontro ao seu sonho. No Brasil ela deixou toda sua família, mãe, irmãs e seus maiores tesouros, seus filhos. Ela me conta que deixou os filhos com a irmã e a mãe. Com a família ela confiava em deixar seus filhos porque sabia que sua família iria cuidar bem deles e falar coisas boas sobre ela. Poderiam explicar para as crianças  sobre o todo o esforço que ela fazia em ficar longe e trabalhar duro por elas. 
As crianças eram ainda pequenas, três, cinco e sete anos. A sua irmã mais velha ficou responsável por eles e o resto da família dava suporte. 

Após a viagem dela o pai começou a vir todos os finais de semana para buscar as crianças. Passados seis meses que ela foi embora, um dia,  o pai levou as crianças em um final de semana e nunca mais devolveu para a irmã. Ela agora tinha que ligar todos os dias para a casa de sua ex-sogra e pedir para falar com os filhos. Foi desse dia em diante que ela começou a sofrer, porque o ex marido e a ex sogra a criticavam muito e diziam que o dinheiro que ela estava dando não dava para os gastos e pediam cada vez mais dinheiro. Ela passou a enviar dinheiro para a conta dos pais das crianças em vez de mandar para a irmã.

Todos os meses ela mandava dinheiro para comprar tudo que as crianças precisavam. Com seu trabalho de faxina nos Estados Unidos conseguia pagar até uma escola particular para os três. Trabalhou primeiro como ajudante de faxina e depois conseguiu seus próprios trabalhos e às vezes levava uma ajudante. 
Ela sustentava as crianças em tudo. Roupas, comida, escola, enviava pelo correio roupas de marca, tênis, casaco, brinquedos, produtos eletrônicos e tudo que eles pediam. Todos lá no Brasil ficavam felizes porque eles nunca tinham possuído tantas coisas. Ela sempre deixava de comprar as coisas para ela, mas para os filhos ela nunca deixava de mandar dinheiro e comprar coisas para eles. 
 
Os filhos cresceram longe da mãe, as meninas gostavam de estudar, mas o menino nem tanto. Ficaram adolescentes, o menino já ia fazer dezoito anos e a mãe ainda não tinha voltado nenhuma vez para o Brasil e havia se passado tantos anos longe dos filhos que ela nem se lembrava mais quanto tempo fazia. As crianças cresceram vendo apenas o dinheiro entrando, falavam com a mãe todos os dias pelo telefone mas não podiam abraçá-la. 
Ela começou a perceber que as conversas com o filho mais velho já não era como antes, as meninas raramente queriam falar com ela e, quando falavam era para pedir mais dinheiro ou pedir para ela mandar algo. O pai do menino contou que o menino tinha começado a usar drogas e não sabia o que fazer mais para ajudar ele. 
Nessa mesma semana ela falou com os filhos e tiveram uma discussão porque ela disse que não ia mandar mais dinheiro para eles e que estava cansada de só mandar dinheiro  e eles não respeitavam todo o esforço que ela fazia. Eram mal agradecidos e sempre queriam mais. 

Ela nunca imaginou que um dia os filhos não quisessem mais falar com ela. Estava triste e chorando. Faz várias semanas que queria falar com os filhos mas eles não atendiam mais os telefonemas dela porque ela tinha parado de mandar dinheiro. 
Eu só pude ouvir e dar meu ombro para ela chorar e disse que o que ela estava passando era a realidade de muitos imigrantes que vão tentar a vida em outro país.Também aconselhei ela a voltar e tentar reconstruir esses laços maternos que com o tempo e a distância se quebram. 
Quando os pais e ou cuidadores que ficam no país natal com as crianças  têm compaixão e ajudam o imigrante a manter um bom relacionamento com os filhos o sofrimento diminui. 
Ajudar mais em vez de criticar, só quem passa por isso sabe o esforço e as dificuldades que os imigrantes encontram no exterior. O frio, a solidão, a saudade e o cansaço fazem parte do cotidiano de todos. Vida de brasileiros no exterior parece facil, mas o dia a dia que se ve o que cada um passa no exterior.

©todososdireitosreservados 

                                                                                                



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22/02/2022

O sonho de Katia na America do Norte

 


Demorou alguns minutos depois que nós nos conhecemos e ela me contou sua história de vida e como veio parar nos Estados Unidos.

Neste dia eu fui a lanchonete brasileira próxima ao correio da cidade de Long Branch, pedi um pão de queijo, bolo de milho e um café. Ao meu lado sentou essa jovem, ainda com cara de menina, nos cumprimentamos mesmo sem nos conhecer e começamos uma longa conversa. Seu nome é Kátia e logo de cara nos demos bem. Começamos uma conversa que chegou ao final mas ficou aquela sensação de que ainda não acabou. Sabe aquela conversa que depois te deixa pensando: “- Essa conversa ainda não acabou!” “- Nos conhecemos agora mas temos tantas coisas a serem conversadas.”  Quando viajo para outro país eu vejo que cada imigrante vem com sua história de vida, carregada muitas vezes de sofrimento mas com vontade de realizar seu sonh


Katia me contou que sua  mãe e seu pai trabalhavam na roça, no Estado de Minas Gerais no Brasil. Os pais trabalhavam na roça de outra pessoa, eles têm quatro filhos e ela é a menor. Para as crianças da roça era normal aquela rotina de ajudar os pais um pouco lá e acolá. Eles cuidavam de galinhas, porcos, ovelhas, bezerros, vacas e de tudo que o dono da roça mandava. Tiravam leite da vaca, davam comida para os porcos, milho para as galinhas e regavam as hortaliças todos os dias. 


Um dia, o casal ouviu  falar que dava para viajar a outro país e chegar aos Estados Unidos, atravessando a fronteira do México. Souberam também que várias famílias de lá mesmo da cidade deles no sul de Minas e pessoas da roça já estavam indo. Eles se empolgaram e quiseram ir também. Gostaram da idèia porque  conseguiriam ganhar um pouco mais de dinheiro e dar uma vida digna aos seus quatro filhos; uma escola melhor, e boa alimentação. Se sobrasse algum dinheiro poderiam economizar para comprar a própria roça no Brasil. 


Empolgados com a vida melhor que teriam seus pais se prepararam para viajar aos Estados Unidos.  Portanto, nem tentaram um visto e decidiram que entrariam ilegalmente pela fronteira do México. Era década de 80 e tudo era normal. 


A viagem foi planejada com alguns poucos amigos de confiança e a família. O casal juntou tudo que tinham em 3 malas, preparou os 4  filhos, abandonaram a roça e foram embora. Os filhos  tinham respectivamente 07, 11, 13 e 15 anos.  A mais nova, a menina Kátia è que me conta esta história hoje.


Seus pais só conseguiram vir aos Estados Unidos porque tinha um amigo da família nos Estados Unidos que poderiam ajudar no que fosse preciso. Saíram todos bem arrumados da roça, com roupas novas, a mãe com unha feita, cabelo alisado, naquele tempo ainda  alisado a ferro. 


No dia da viagem a família estava toda reunida para a despedida. No aeroporto as crianças choravam e davam tchau aos avós que iriam ficar na roça e nem sabiam se um dia iriam reencontrar os netos.


Chegaram na cidade do México pelo aeroporto internacional  e seguiram  em direção a primeira cidade de fronteira. Na fronteira próxima ao rio, já não tinha como carregar e largaram as malas e tudo para trás. Esta parte do rio não é funda e dá para atravessar a pé mesmo,  mas as  crianças menores e as grávidas são levadas em uma canoa. Foi uma travessia difícil e  demorou alguns dias até que desse tudo certo e eles conseguissem ir para dentro do outro país. 

Chegando do outro lado, já nos Estados Unidos, caminharam muito até encontrar a primeira cidade onde pudessem tomar um avião e ir encontrar os amigos. 


Foram bem recebidos, nos primeiros dias tiveram que dividir casa com mais 9 pessoas; todas vindas do mesmo estado mas de cidades diferentes. Ficaram em uma casa com três quartos, dois banheiros, uma cozinha e sala de estar.  Os amigos que já estavam ali arrumaram trabalho para o casal. Ela foi trabalhar na faxina e ele na construção. Nos primeiros dias as crianças ficavam sozinhas em casa, os maiores cuidam dos menores. Após duas semanas as crianças já estavam todas na escola. Me disse que foi muito difícil  a vinda para os Estados Unidos porque teve que deixar seus amigos, seus avós e seus animais de estimação no Brasil.


Os pais  trabalharam duro durante sete anos, juntou dinheiro que dava para comprar uma pequena roça e  resolveram voltar para o Brasil.  Kátia me disse que não teve opção e contra sua vontade foi obrigada a voltar com os pais para o Brasil. Ela estava com 14 anos e os  outros três filhos, os homens  já com a mais de 18 anos decidiram ficar  nos Estados Unidos mesmo vivendo ilegalmente. A família se  separou, uns pra cá e outros pra lá. 

Os três jovens ficaram sozinhos, longe de seus avós, seus pais, primos e de toda a família. Assim como eles, tem vários jovens que ficam sozinhos, porque os pais resolvem voltar ao Brasil. Esses jovens trabalharam duro tanto quanto seus pais.Levavam uma vida normal com todas as dificuldades que um imigrante encontra. 

 A volta ao Brasil tambèm não foi fàcil para Katia pois teve que deixar seus colegas de escola e seus irmãos nos Estados Unidos. Na escola ela aprendeu a amar os Estados Unidos, como qualquer outra criança que estuda em escola americana. Me disse que poderia ter uma vida melhor nos Estados Unidos se seus pais não tivessem feito a besteira de ter ido embora e a levado. 

 Os pais levando ela de volta ao Brasil tiraram dela seu sonho de poder virar uma adolescente “Dreamer” (nome dado às crianças trazidas pelos pais e que cresceram nos Estados Unidos). Essas crianças passaram a ter alguns direitos a mais como imigrantes indocumentados, como por exemplo o acesso a alguns benefícios sociais do governo e um número de identificação, tipo um cpf nosso.  Elas também estudaram nas escolas americanas até o segundo grau. Após os estudos muitas delas têm  a possibilidade de se casar com algum  jovem americano e se tornar um cidadão legal com permanência.  Nas escolas muitos namoram e se casam entre si. Alguns americanos após o período escolar até se casam para ajudar algum colega de infância que esteja precisando de documento como uma gentileza ao amigo.

A vida escolar dela foi cortada e de novo as amizades deixadas para trás. Ela me diz que fica um pouco triste por isso porque aprendeu a amar este país mas não tem nenhuma chance para ela.


Ela passou parte de sua adolescência no Brasil e quando fez dezoito anos resolveu  voltar aos Estados Unidos. Como não conseguiu entrar legalmente, há 4 anos atrás, entrou ilegalmente pela fronteira do México, veio sozinha. Até  tentou o visto uma vez mas não conseguiu e resolveu se arriscar e deu certo. 


Hoje ela está casada com um brasileiro indocumentado como ela e juntos tem uma filha de 9 anos. Ele trabalha na construção e ela na faxina. Nós conversamos bastante e passamos o dia juntos. Eu a observava e achei a história dela diferente. O que mais me chamou atenção foi o jeito dela falar. A voz dela mudava quando falava inglês e tinha uma entonação diferente de quando falava portugues. Eu até perguntei se ela ficou com alguma sequela no cérebro por causa deste transtorno na vida  e ela me disse que não. Tem alguns aborrecimentos às vezes mas que já superou o fato dos pais terem feito isso com ela.


Os seus dois irmãos que ficaram nos Estados Unidos quando trabalharam na construção, em lanchonetes e em outros trabalhos que como ilegais poderiam fazer. Viveram seus sonhos de adolescentes, tiveram seus momentos de rebeldia sem apoio presencial de seus pais, tios, ou  avós. Receberam ajuda dos outros brasileiros da comunidade, dessa pequena cidade ao sul de New Jersey. Um dia cresceram e ficaram adultos, constituíram família.Seus filhos nasceram nos Estados Unidos, são americanos e estão indo a escola. Diferente do Japão que não dá nacionalidade para filhos de pais estrangeiros os Estados Unidos dá a nacionalidade para quem nascer no país. 

Não foi fácil, mas eles venceram, e hoje cada um tem sua família, um deles até conseguiu se legalizar e hoje tem a cidadania americana. 


A vida é assim, às vezes as pessoas se deparam com algo que não esperava que fosse acontecer. Às vezes um fiasco que você dá tudo pode mudar.  Os pais que estão no Brasil já fizeram de tudo para voltar com visto mas não conseguiram. Pediram perdão na corte americana mas não foi aceito. Quem entra pelo México ilegalmente e é descoberto não tem perdão.  Agora eles estão mais velhos e não tem mais coragem de se arriscar e entrar ilegalmente de novo pelo México como é o caso de muita gente. 


Já fazem dez anos que Kátia voltou ao Estados Unidos e me disse que sente muita saudade de seus pais, não vê a hora em que seus pais possam vir conhecer o neto. Reunir a família de novo se tornou um sonho quase impossível.  

A corte americana tem uma pena maior para quem entra ilegalmente pelo México. Desses, alguns passam a vida inteira tentando e não conseguem se legalizar  mesmo  casando-se com cidadãos americano. 


Esses pais irão demorar muito tempo para ver seus filhos, mas como a esperança é a última que morre eles continuaram  tentando.  

Katia não pode ir ao Brasil porque se for não consegue retornar. Quem fica ilegal e é pego tem uma pena de dez anos sem poder retornar.  Agora ela tem um filho americano, o filho poderia ir ao Brasil e retornar mas ela não. Enquanto isso é seguir trabalhando e vivendo a vida que tem que ser vivida do jeito como Deus queira. 


Para finalizar eu quero dizer que já ouvi muita gente falando que não tem esse sonho americano ou que  não entende porque as pessoas têm esse sonho com Estados Unidos. Quem não entende è porque nada o levou a pensar nisto, mas se um dia você estiver em uma situação que precise deste país para algo você vai entender o que significa esse sonho. Enquanto isso vamos continuar respeitando os sonhos dos outros. Sonhar faz parte da vida de alguns.

É a vida acontecendo, são pessoas, seres humanos se movendo no mundo com suas aspirações, sonhos e sofrimento. Desta forma o mundo se transforma. A vida muda, o sonho muda mas ele nunca morre.


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02/11/2021

Momentos dificeis e virou moradora de rua nos Estados Unidos

Essa é uma história de ficção. Qualquer semelhança com a realidade será  mera coincidência


Naquela manhã de outono em Long Branch no estado de New Jersey atravessei a rua com o meu café na mão. Eu estava vivendo ali há três quarteirões da avenida Broadway, bem na parte que tem alguns comércios brasileiros e mexicanos. Eu queria conversar com aquela mulher que eu vi pedindo dinheiro em frente a loja do indiano na Avenida  Broadway. O que me marcou foi que era uma senhora, e eu queria saber porque ela estava pedindo esmolas. Eu nunca tinha visto um brasileiro pedindo esmola nos Estados Unidos. Ela tinha esse jeito brasileiro das nossas origens indígenas, pequena, pele marrom, cabelo liso e preto. 

Eu pensei:"- O que levaria essa senhora a pedir esmola, nos Estados Unidos, o paìs mais rico do mundo?"

Alguns dias antes de encontra-la eu havia visto uma postagem  no facebook. Essa postagem na pagina da comunidade brasileira de Long Branch dizia que tinha uma senhora brasileira pedindo esmola na Broadway e que não era para ninguém dar nada e que essa senhora era pedinte e dormia nas ruas. Fiquei intrigada com esta postagem, achei injusto mas não sabia o que estava acontecendo. Nesta mesma semana encontrei essa senhora pedindo no mesmo lugar. Eu já tinha visto ela em uma tarde escura durante a semana, mas nao consegui me aproximar.

O outono estava próximo e o sol se pondo mais cedo.  Neste sábado de manhã e como todos os sábados de manhã eu estava saindo para  comprar meu café ali na lanchonete brasileira. Faz poucos meses que eu tinha chegado na cidade e tudo para mim ainda era novidade.  Eu andava pelas ruas apreciando cada folha cor vermelha, laranja ou amarela, o outono estava próximo e com aquela claridade cor de laranja por todos os lados.

Cheguei até ela, pedi licença e  ofereci um café,  perguntei para ela porque ela estava pedindo, e eu tinha visto uma postagem no facebook falando sobre ela. Me perguntou se eu estava disposta a ouvir a história de sua vida, eu disse que sim e ela me contou:

"- Eu vim para os Estados Unidos muito jovem quando eu ainda tinha meus vinte e poucos anos. Veio eu e meu irmão tentar a vida aqui na America. Quando chegamos há mais de vinte anos atrás, fomos morar em uma casa com oito brasileiros, todos recém chegados. Dormíamos em um colchão no chão, não tinha quarto e nem cama para todos.  Passado uns dias eu já arrumei um trabalho de ajudante de faxina,  e meu irmão conseguiu na construcao," disse-me ela.  Acordava cedo todos os dias e limpava de quatro a cinco casas por dia. A patroa brasileira, dona da agenda de casas, levava a gente em um carro bonito. Era eu e mais uma ajudante. 

"- Com este trabalho de ajudante eu consegui juntar algum dinheiro do que sobrava depois que pagava o aluguel e todas as outras contas. Eu e meu irmão ficamos ali naquela casa por alguns meses e depois conseguimos alugar um pequeno apartamento para nós. Com o tempo fui conversando com as pessoas que encontrava e consegui minhas próprias casas de faxina e não precisei mais ir de ajudante. Foi um alívio, eu agora não precisava mais ir como ajudante. Trabalhei com as pessoas mais ricas aqui do entorno da cidade de Long Branch.  Eu ganhava bastante dinheiro, eram minhas clientes e eu conseguia pagar todas  as minhas contas. Eu sempre tive carro bonito, roupas bonitas e meu apartamento que não era luxuoso e  eu vivia muito bem." Eu ouvia tudo com muita atenção sem interrompê-la,  na minha mente eu via essa senhora com aquele monte de sacolas, e pensava na dificuldade dela todos os dias; e ela continuou:

"- Ê minha filha nesta vida a gente só vale quando a gente pode trabalhar, quem não pode mais é descartada.  Está vendo essa minha mão aqui? "- Sim!" afirmei. "- Então esta minha mão torta deste jeito ficou assim de tanto trabalhar na faxina. Quando eu era jovem eu tinha energia, hoje já não tenho mais. Eu comecei com essa doença nas mãos que até hoje não sei o que é. Meu irmão foi embora porque ele ficou doente. Eu nao quis ir embora junto com ele pois se eu fosse iria ter que morar junto com minha irmã. Eu tinha uma casinha lá em Minas Gerais, mas dei a minha casinha para minha irmã que não tinha onde morar."

"- Cada dia mais minha mão foi ficando turva e as minhas clientes de faxina foram me dispensando porque eu não dava mais conta do trabalho" Fiquei sem ganhar nada, vendi meu carro. Meu dinheiro já não dava mais para pagar o apartamento e eu entreguei meu apartamento e fui morar nas ruas. 

"- Puxa vida," eu exclamava. "-E agora você mora onde?"

"- Eu não tenho casa, moro nas ruas. Há um tempo atrás algumas pessoas bondosas me acolhiam em suas casas, eu dormia uma noite em uma casa e outra noite em outra.  Hoje em dia não tenho mais ninguém. As vezes durmo em uma estação de trem, as vezes durmo em outra. Tem um homem bondoso na próxima estação que me deixa dormir lá. Eu chego cedo lá para dormir. durante o dia eu peço dinheiro para poder comer. Muitas das vezes estou em Nova Iorque porque lá é melhor. 

Senti muita compaixão por essa história de vida. Eu disse à mulher que ela poderia ir na igreja Saint James Church, ali perto mesmo que lá eles dão comida, e tem um programa social. Ela me disse que conhecia o programa , que já havia tentado mas que não conseguiu nada. 

Perguntei se ela tinha vontade de voltar ao Brasil e ela me disse que não, porque tinha vergonha de chegar lá como uma mendiga e não tinha mais onde morar. Me contou de novo que doou sua casa a irmã e que não tem mais lugar para morar. 

Eu dei  um dinheiro para ela e segui meu caminho para casa pensando na história de vida desta mulher. Viver fora do país da gente é difícil, encontramos muitas dificuldades. Muitas vezes quem está passando um momento difícil não fala nada, não reclama e parece que está tudo bem. Só quem vive fora, quem vê o que as pessoas passam fora do país entende o verdadeiro significado da palavra imigrante. Fico triste em saber que tem pessoas que não tem um lugar para dormir. Qualquer um pode ir parar na rua, ninguém está totalmente blindado. Mesmo que a pessoa tenha segurança financeira pode acontecer. Às vezes um problema mental, uma perda de memória também levam pessoas em situação de rua. Vamos cuidar mais dos nossos.

Obs: Agora já estamos no ano de 2021 e eu me deparei com um artigo de um jornal local da comunidade aqui que os brasileiros fizeram uma vaquinha e pagaram a passagem para essa senhora voltar ao Brasil. 

@todososdireitosreservado


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03/10/2021

Vida e Sonho de Isaura - EUA

Essa é uma obra de ficção e qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência 


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 Só uma mulher muito forte tem essa coragem de pegar seus quatro filhos e atravessar a fronteira terrestre pela fronteira do  México e entrar  ilegalmente nos Estados Unidos . Ela chegou faz quatro semanas. Trouxe todos os filhos com ela, um casal de gêmeos com seis anos, uma menina de doze e um adolescente menino  de 17 anos. Eles vieram de uma pequena cidade do interior do norte de Minas Gerais, Brasil.


Eu conheci essa brasileira corajosa e logo de cara percebi que ela era uma mulher forte. Nos apresentamos tomamos um café e logo em seguida já começou a me contar sua história e como veio parar nos Estados Unidos.  


Com lágrimas nos olhos ela me disse que ninguém ajudava ela a cuidar de seus quatro filhos e que um dia queria ser imigrante. O pai das crianças não quis nem saber, quando se separaram ele deu as costas para a família e nunca ajudou ela em nada. 

No começo ela até insistia para o pai ir ver os filhos mas ele não ligava, então ela desistiu de vez. A família dela também não queria saber de ajudá-la. 


Ela me dizia que haviam passado fome e como teve que ser forte para continuar lutando para que não faltasse comida. Os meus olhos também enchiam de lágrimas e eu contei a ela um pouco da história da minha vida, nos emocionamos juntas neste dia. Ela se emocionava com a minha história e eu com a dela.


A vontade dela era um dia largar aquela vida dura no Brasil de cuidar sozinha dos filhos e ir para os Estados Unidos para tentar uma vida diferente. Era um sonho a realizar e no pensamento dela já tinha tudo organizado e os passos que daria para chegar até lá. 


Ela sempre pensava que chegando neste outro país seus filhos estudariam em uma escola melhor, teriam melhor alimentação e por isso fez todo esse esforço para sair do Brasil, pelos seus filhos. Queria dar  uma melhor educação para os filhos,e ganhar um pouco mais de dinheiro,  guardar uma, pois sonhava em comprar sua casa própria no Brasil.Ela sabia que da forma como vivia no Brasil e da falta de oportunidades naquela cidade pequena seu sonho da casa própria ficaria cada vez mais longe.


Aos poucos o pequeno negócio dela foi crescendo e ela montou um pequeno restaurante. A vida começou a melhorar desde quando ela fez esse restaurante, os filhos maiores ajudavam os menores. 


Mesmo depois do restaurante montado ela ainda tinha essa vontade de viajar e não parava de pensar nisso. Um dia ela  decidiu que iria e nada e nem ninguém a impediria de seguir seu sonho. Várias famílias de sua cidade já tinham ido, ela poderia ir também, pensava. Então resolveu se preparar, começou a guardar dinheiro, pagou as dívidas para ter crédito no banco e poder ter alguns cartões de crédito que a ajudariam chegar no México e passar pela imigração sem problemas. Aos poucos aquele sonho começava a ter um formato real e ela via que seria possível tornar realidade aquele sonho. 


O preparo para a viagem durou alguns anos, pois, a família era grande, e só de passagens era muito dinheiro para ela pagar sozinha. Lembrava que tinha que pagar também as pessoas que a ajudariam atravessar quando chegasse na fronteira.  Quando estava tudo pronto, ela pediu alguns cartões de crédito em vários bancos,  comprou as passagens no cartão de crédito. O dinheiro que ela tinha dava apenas para pagar as passagens até o México e pagar os coiotes que a levariam até a fronteira e a ajudariam atravessar para o outro lado que era Estados Unidos. Não sobraria nenhum centavo para começar a vida quando chegasse do outro lado. Comprou malas, roupas novas para as crianças, pegou alguns  cartões de crédito e levava o dinheiro na carteira que era uma quantia grande para pagar os coiotes.   


Essa historia se passa a mais de 4 anos e o sistema de entrada no Mexico para os brasileiros tinha acabado de ter uma mudança, estava facil entrar no Mexico, bastava preencher um formulario online no site do Consulado mexicano e pronto.  Era só chegar na imigração do México e  mostrar os cartões e o dinheiro e pronto, carimbo no passaporte e visto de seis meses para qualquer cidadão brasileiro. E do México era só seguir para a fronteira com os Estados Unidos.


Também era conhecido que na época quando essa história acontece todas as pessoas que chegassem na fronteira dos Estados Unidos com crianças eles colocariam para dentro dos Estados Unidos e ajudariam a pessoa a ficar lá, dando asilo. Muita gente entrou dessa forma. Teve pessoas que até pegaram os filhos de outros dizendo que eram seus para entrar. Houve muita confusão na fronteira mas no final quem era pra entrar entrou.


Nós rimos quando ela disse:

"- Que turista que nada minha filha, eu estava indo para a fronteira atravessar a pè. Torcer para ser encontrada na fronteira dentro dos Estados Unidos entrando ilegalmente.” Os cartões já não tinham crédito e o dinheiro já estava comprometido com o pagamento dos coiotes.


Até a chegada no México foi tranquilo, mas a  partir do portão de saída do aeroporto da Cidade do México tudo mudou, a vida de dureza começou.  Do outro lado, após passar pela imigração bem no portão de saída para o México já  encontrou o coiote.  Ele sabia a cor da roupa dela, das crianças, tipo de mala etc.,  tudo resolvido antecipadamente. O coiote passou do lado e mostrou uma tela do celular  com o nome dela e ela acompanhou ele. 


Saiu tipo rica do Brasil com dinheiro na carteira e  no México já ficou pobre. Ela sabia que o dinheiro da carteira era apenas para mostrar aos agentes da  imigração “- Entreguei todo o dinheiro na mão do coiote,” me disse. 


Do aeroporto, o coiote conduziu ela e os filhos até um ônibus que a levou na fronteira do México com os Estados Unidos. O caminho até lá era pelo meio do mato. Chegaram próximo a fronteira e a  partir deste ponto ainda em territorio mexicano  seguiram  a pé pelo deserto ate alcançar o deserto ja no lado dos Estados Unidos. Foi uma grande caminhada. 


Esta fronteira onde ela chegou não tem o porto de entrada ou seja uma imigração que controla o fluxo dos imigrantes. As pessoas vão andando uma parte por água , outra pelo deserto. Quem mostra o caminho são os coiotes. Esses que recebem dinheiro para colocar as pessoas de alguma forma para dentro dos Estados Unidos. Ela foi fazendo o caminho que os coiotes iam indicando. Era uma turma grande de pessoas caminhando juntos.


Teve um momento que ela já estava tão cansada que não conseguia mais andar com nada. Ela diz que andou tanto que foi largando as malas para trás. Pegava algumas roupas, as melhores  e tentava carregar, quando não dava mais, largava pra trás. Ela e seus quatro filhos chegaram nos Estados Unidos somente com a roupa do corpo, a bolsa de mão e o telefone.


 Quando não aguentava mais caminhar, as crianças cansadas, todo mundo com fome e sede, e foi nesse momento que ela foi pega ainda pela imigração do México. Conta que ficou morrendo de medo porque todas as pessoas que eram encontradas pela imigração mexicana acabavam presas lá mesmo e sendo deportadas para o país de origem. 


Foram para uma prisão suja e fedida,  ela me disse que ficavam umas cem pessoas em um só cômodo, o banheiro não tinha porta. Tudo lá dentro era filmado. O vaso sanitário era apenas um buraco no chão com uma câmera em cima para vigiar. Ali passou um dia e meio. Foi na manhã do próximo dia que ela recebeu um telefonema do coiote dizendo que ela estava liberada e que ele estaria na porta de saída  e a conduziria para outra fronteira já que nessa não deu para entrar.


Lá vai ela com seus três filhos caminhando, pegaram um ônibus, só com a roupa do corpo, algum alimento na bolsa de mão que ela pegou na prisão do México.  Pegaram um ônibus e fizeram um pequeno trecho de 5 horas e depois começaram a caminhar novamente e assim foi o dia todo e finalmente  conseguiram atravessar a fronteira  e entrar em território americano. 


Andou muito já dentro do território americano e quando já não aguentava mais apareceu um agente da imigração americana e ela foi encontrada junto com outras pessoas.  

Ficou feliz pois sabia que o sonho de entrar nos Estados Unidos tinha se realizado.  Ali mesmo eles já tomaram água e receberam comida. Disse que foram muito bem tratados pelos agentes americanos. Mal sabia ela o que viria ainda pela frente. 


Todos os encontrados junto com ela foram fazer o teste de covid. O teste de Isaura e de seu filho maior deu positivo e eles foram levados para um hotel que tinha virado hospital de campanha para imigrantes ali próximo a fronteira mesmo. Tudo isso e ainda junto o medo de ser mandada de volta para o Brasil. O que ninguém quer é ser mandado de volta, além da vergonha ainda não tem mais nada, nem dinheiro, nem casa, nem trabalho.  


Ficaram vinte dias  em tratamento nesse hospital de campanha, a família toda foi junto. Receberam toda a assistência que precisam sem pagar nada, claro, aliás se precisasse pagar nem teriam dinheiro, às crianças ficavam juntas e elas brincavam no hospital que tinha brinquedos, alimentos, roupas e doces. Não faltou comida para ninguém da família, ninguém passou fome, nem sede. 


 Laura estava desesperada para sair daquele hospital emergencial, pois, tinha que continuar sua vida, quatro filhos para criar, e ainda tinha as dívidas com os coiotes e fora as dívidas que deixou no Brasil. Primeiro tem que pagar os coiotes e depois as outras.   


Quando parecia  que as coisas começaram  a dar  certo depois que se curaram da covid, foram encaminhados para uma  prisão de imigrantes ilegais ali próximo à  fronteira. Permaneceram mais 15 dias e ainda tinha muita coisa para acontecer pela frente. Isaura não parava de rezar e pedir a Deus que liberasse ela o mais rápido possível pois as crianças estavam cansadas e ela já não aguentava mais toda aquela situação. 


Em uma manhã,  um agente a chamou e a levou para fazer  o exame de DNA para se um dia precisar confirmar que os filhos são dela mesmo.  Um advogado também conversou com ela,  e disse que seria o advogado dela para as questões de visto. Tinha que esperar o advogado  confirmar todo o acontecimento e dar o número de um caso, um endereço de um fórum  e o nome de um juiz onde ela vai ter que comparecer para se explicar melhor. 


Porque Isaura estava em território americano? O que Isaura estava tentando fazer? Qual é a história da vida de Isaura no Brasil? Como ela vivia em seu país? Onde está o pai de seus filhos? O juiz depois de ouvir tudo ele vai dar um parecer e dizer se Isaura poderá permanecer nos Estados Unidos trabalhando e cuidando de seus filhos. Após quinze dias foram liberados e uma família na pequena cidade da costa sul do estado de New Jersey acolheu Isaura e seus filhos. Ficaram todos dormindo em uma sala.


Ela me contou que no dia que chegou nessa casa teve um ataque de choro tão forte que todos se assustaram. Ficou um pouco apertado mas é provisório. Isaura agora está juntando dinheiro para poder dar um sinal de depósito do aluguel da casa  para ela e seus filhos morarem. Sim, ela já está trabalhando como ajudante de faxina e seu filho mais velho, o de 17  anos também trabalha como ajudante de pedreiro. 


Agora é organizar a vida, colocar as crianças na escola e viver o melhor de seus sonhos. É um sonho, mas que tem que trabalhar e muito para se manter. Depois de tudo isso talvez passar a vida toda trabalhando de 

faxineira na casa de americanos para manter a vida neste país onde nada é fácil. O país onde o filho chora e a mãe não vê, diz o ditado popular dos imigrantes ilegais brasileiros. 


Trabalhava de cozinheira todos os dias em um restaurante pequeno no centro dessa pequena cidade na costa sul do estado de New Jersey. Para economizar e fazer mais renda, ela começou a fazer comida aos finais de semana quando estava em casa. Mesmo cansada, ela continuava trabalhando aos finais de semana. 


O filho mais velho de Isaura é um menino super inteligente e esforçado, já chegou falando inglês, pois como a mãe comentava desde pequeno lá no Brasil que queria um dia imigrar aos Estados Unidos. Ele estudou sozinho em casa para aprender a falar inglês, e hoje o menino traduz tudo para a mãe. 


Isaura me contou sua história com muita emoção, uma história de sucesso, ela conseguiu entrar, seus filhos já estavam estudando e ainda precisava organizar os documentos da escola dos quatro filhos


@todososdireitosreservados



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Imigrante no Japao- 1993

Chegamos no Japão, eu com minha família, duas filhas e o marido nativo do Japão.  Era mês de agosto, estava calor e era o mês das festas...

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