15/08/2023

Kinkaku ji- O templo de ouro - Kioto, Japão


Abaixo relato a história deste templo construído em madeira e folheado a ouro 24K pelo Xogum da época há mais de mil anos atrás. Visitei a cidade de Kioto em uma vigem que ganhei de presente pelo meu aniversario. Aprendi muito com essa viagem e deixo aqui registrado a parte da viagem que mais achei interessante. Eu ja conhecia a historia dos samurais no Japao mas com essa ultima visita eu entendi melhor. Percebi também que tem poucas coisas escritas em português sobre a historia desse importante templo. No Brasil temos duas replicas deste templo em madeira, 
uma em São Paulo -Itapecerica da Serra e  outra em Curitiba. 

Como todos os outros templos esse local também serve como cemitèrio para o xogum, samurai e membros. No Brasil eu visitei em Itapecerica da terra, e la serve para visitar e enterrar as cinzas de quem quiser ser enterrado la. 

 O local onde hoje está o templo Kinkakuji em Quioto no Japao era uma casa que foi construída em 1225. O terreno com as construções já existia e foi doado por uma família real da época para o xogum, Ashikaga Yoshimitsu. Quando uma família real faz uma casa ela já coloca um templo e os monges acompanham. Um jovem monge de 22 anos que vivia no templo junto a família real nessa casa tentou matar o imperador e não conseguiu. Ele tentou fugir para as montanhas mas foi pego e condenado à morte. Desde então a família real foi embora e a casa ficou abandonada. Nessa época houve muita guerra interna no Japão, e o Samurai mais forte tinha o cargo do Xogum, ele que governava toda a região. O Japão também era dividido em vários xogunatos porque eles nunca entravam em um acordo de um só xogum governar, e ficavam em guerra entre eles. 

Na tradição dos samurais eles tinham que se suicidar caso perdesse a guerra. Perder a honra era muito sério para o samurai e muitos se suicidavam. O xogum ficava cada vez mais fraco com a morte dos samurais. Os xoguns mandavam seus samurais pelo país todo para lutar e tomar o poder. O imperador ainda existia mas sua participação na política era quase nada, ele estava lá mais para representar o país e os samurais conservavam essa tradição. Este Xogum Ashikaga Yoshimitsu era muito carismático e ele fez com que outras famílias ricas da época contribuíssem com a ideia dele de fazer o templo de ouro. Com isso ele queria mostrar para a família imperial que quem governava era o xogunato e não o imperialismo. 

A construção do templo foi feita no ano de 1.339 segundo a filosofia do feng shui, e nessa filosofia diz que tem que construir no norte porque o poder vem do norte; ter um rio que corta a cidade, um lago em volta; e a frente da construção deve ser virada para o sul e a parte de trás para o norte. O imperador morava nessa cidade e a casa do imperador estava mais ao sul da cidade por isso o xogum Ashikaga Yoshimitsu levou seu governo para o norte da cidade de Kyoto. O templo é todo feito de madeira e coberto com essa folha de ouro, uma tecnologia japonesa que existe há mais de mil anos. Foi uma época de ouro no Japão, onde ainda existia muito ouro. No primeiro andar não foi colocado o ouro porque ele estava revoltado com a família imperial porque dizia que a família imperial não presta, não trabalham, não produzem nada, só gastam o dinheiro do povo. Uma parte dessa àrea onde representa a famìlia imperial tem a varanda voltada para o lago. Todas as casas imperiais no Japao tem essa varanda para que os membros da famìlia imperial possam pescar No segundo andar a arquitetura é a mesma que a casa dos samurais, e o nome do segundo andar significa som do mar porque você ouve a verdade que vem do fundo, como o som do mar. O terceiro andar foi feito como se fosse um templo Zen e significa o topo do mundo. Lá em cima no alto do templo tem a estàtua da fênix que representa o sul e o elemento fogo. O Xogum morava lá junto com os samurais que eram os soldados dele. 






Com a morte do xogum, resolveram doar todo o terreno juntamente com o templo para os monges Zen budistas. Esse xogum gostava de cultivar bonsai e no terreno tem um enorme bonsai que o xogum plantou e cuidou ate o dia da morte dele. Este bonsai ainda está lá e ja vive hà mais de 600 anos. O xogum também mandou fazer essa pequena ilha no terreno em prol do jovem que quis assassinar o imperador e da famìlia dele. Atualmente o terreno com todas as casas e o templo virou patrimônio històrico da humanidade. Esta aberto a visitas mediante pagamento, embora não pode entrar dentro do templo, apenas ver de longe. Em outras locais construìdos do terreno è possivel entrar, são templos, casa de chàs, locais da parte administrativa do governo, casa dos monges etc, todas construìdas em estilo oriental, anterior a era Meiji. 


Na entrada do templo tem uma senhora com uma lojinha bem simples que vende sorvete coberto com ouro. Muita gente experimenta essa iguaria que não tem gosto de nada, so glamour mesmo. Também vende como souvenir uma folha de ouro que pode colocar em cima de qualquer comida. 



Credito das fotos: Hikari Onuki


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10/08/2023

Ebook: Contos antigos do Japão




Adquira este ebook em formato PDF,  doze contos traduzidos oralmente e compilados, dois contos que ja estavam traduzidos e foram compilados. Os contos foram retirados de um livro de contos antigos do Japão, e aos poucos fui traduzindo um por um com a ajuda das minhas filhas.   

Correção e formatação: Katia Portes

Nome dos contos: 
1-  O pardal da Língua Cortada
2-  Os Tamancos do Tesouro
3-  O Agradecimento da Cegonha 
4-  Momotaro
5 - A Princesa Radiante 
6 - Tanabata 
7- O Vovô que tinha um caroço 
8- A Montanha Kati-Kati 
9- Urashima Tarô 
10- O Camponês 
11- O macaco e o Caranguejo
12- Tesouro do Céu e Tesouro da terra
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Recebemos várias formas de pagamentos.
Após o pagamento você receberá em seu ebook em formato de PDF, atraves do seu email.
Se quiser pode fazer o pagamento em formato de pix: chave: eliseteonuki@hotmail.com

e me avise que enviarei o livro eletronico em seu email. Apenas texto. Obrigada.

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Obs: 50% das vendas serão revertidas para o projeto de

Combate à Fome na cidade de São Paulo e 50% para

manutenção do blog e publicar outros tìtulos.




                         Quem acredita sempre alcança.


14/02/2023

Mae e filha vivem Sonho Americano


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          Essa é uma obra de ficção e qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência


Vieram desta pequena cidade do interior do Brasil com visto de turista, gostaram do país e resolveram ficar nos Estados Unidos e viver o sonho americano.

Me contou que cresceu em uma pequena cidade do interior, seus pais tiveram condições de dar uma boa educação para ela, a mais nova e seus sete irmãos. Foi educada com todo carinho pelos pais. Sua família sempre foi unida e eram felizes. Sempre se deu bem com os irmãos e vivia uma vida pacata no interior de Minas Gerais. Seus pais sempre trabalharam duro para manter todos os filhos bem vestidos, alimentados e estudando. Aos finais de semana sua casa estava sempre cheia de gente e a mesa sempre farta para todos que chegassem. Seus pais gostavam de receber visitas e também pessoas que eles ajudavam de alguma forma, seja emprestando dinheiro, aconselhando ou hospedando em sua casa.


Ela casou-se bem jovem e quando conheceu seu primeiro namorado que morava na mesma cidade foi morar com ele, nunca se casou. Um dia ele resolveu que iria embora para os Estados Unidos e foi embora para Nova Iorque. Ela ficou triste, sozinha, e só pensava nele. Ficou esperando e passou um ano, ele não voltou, então ela se organizou e foi atrás dele. Chegando lá moraram juntos e então ela ficou um ano na cidade. Trabalhava em alguns restaurantes e o namorado era cozinheiro.Ficaram um ano nessa vida de trabalho duro em Nova Iorque mas ele quis retornar ao Brasil e ela voltou com ele. Aconteceu que mesmo voltando ela ficou com aquela vontade de um dia voltar para essa cidade, ela gostou muito e nunca esqueceu aqueles dias felizes que viveu com seu namorado em Nova Iorque.

Voltaram ao Brasil e continuaram morando na mesma cidade do interior. Juntos tiveram dois filhos, Stefani e Douglas, ela vivia com seu esposo, mas sempre imaginava-se um dia voltando a Nova Iorque. Eles moravam nesta pequena cidade do interior, que ficava cada dia parecendo menor para ela. Dava suas aulas, gostava do trabalho mas não estava feliz.Ela estudou muito e foi para a faculdade e fez a graduação em pedagogia. Ao terminar a graduação estudou para concurso público e passou a trabalhar em uma escola do mesmo bairro onde morava e dava aulas nessa pequena escola. Conhecia todos os alunos, sabia onde eles moravam e também conhecia e sabia quem eram os pais de seus alunos. Todos seus alunos gostavam dela como professora, pois era muito dedicada na sua tarefa.Um dia ela percebeu o quanto estava cansada daquela situação, professora, trabalha muito, ganha pouco, não era valorizada e, dentro dela sempre aquela vontade forte de mudar de vida.


O marido era bom mas se envolveu começou a usar drogas pesadas e a vida dela passou de calmaria a pesadelo. O pai já não se importava com nada. Levava as crianças pra sair com ele mesmo sabendo dos riscos que corria ao portar drogas. O marido já não estava mais fazendo bem seu papel de marido e nem o de pai. Fazia tempo que ela era o esteio da família. Um dia ele acabou preso por porte de drogas em seu carro.Ficou cansada daquela cidade pequena, perdeu o brilho do olhar e  onde as pessoas sempre se sentam nas calçadas de suas casas e ficam falando da vida dos outros.


Tudo que acontece na cidade todo mundo sabe. Ela queria  sair desta vida e não aguentava mais andar nos mesmos lugares e todos que ela encontrava a conheciam e sabiam de tudo de sua vida que não estava sendo nada fácilEla cuidou muito bem de seu casal de filhos. Foi dando aula na escola, trabalhando todos os dias que ela os criou sozinha.Estefani, a sua filha também me contou que sonhava desde criança o dia em que sairia daquela cidade, queria viver nos Estados Unidos. Teve essa vontade desde pequena, pois vários de seus amigos de infância já tinham ido embora e a cidade foi ficando cada vez mais vazia. Permaneciam nela apenas os mais velhos ou um ou outro jovem que não queria imigrar. Como muitos de seus amigos já estavam vivendo como imigrantes nos Estados Unidos, ela também  queria tentar uma vida diferente, aprender inglês, trabalhar, juntar dólares e ter uma vida mais confortável.

A filha da professora, a Estefani, me disse que quando fez dezoito anos quis viajar aos Estados Unidos pois não dependia mais de seu pai para autorizar e foi conversar com a mãe para acompanhá-la e ficou surpresa quando a mãe concordou em ir e que pensava nisto ha muito tempo.Começaram os preparativos e iriam mãe e filha juntas, a princípio iriam para a Disneylândia, e de lá deixariam que o coração e o sonho as guiasse, assim pensaram e assim fizeram. Cada uma com sua imaginação, e nunca perdendo o fio da meada de seus sonhos que era ter uma vida melhor, com conforto, dinheiro e em outro lugar onde as pessoas não ficariam mais falando da vida delas.O filho que era o irmão mais velho de Stefani,  sempre gostou de estudar e com 18 anos já estava cursando medicina na universidade. Ele saiu da pequena cidade e foi para a capital. Desde pequeno sempre sonhou em estudar e se formar. Foi nos bancos do ensino médio que um professor logo percebeu que ele era inteligente e com mentalidade avançada, diferente dos outros meninos da classe e Douglas ganhou bolsa de estudos.

Tudo combinado, elas viajaram e Douglas poderia ir depois quando terminasse a faculdade Quando sua mãe e irmã partiram ele não queria trancar a matrícula da faculdade para viajar com elas e  preferiu ficar. Ficou triste e abatido; chorou calado, mas a mãe me contou que mesmo sofrendo ele  sabia que naquele momento era importante para sua mãe e irmã sair desta pequena cidade em busca de seus sonhos de uma vida melhor.

Imaginaram juntas como seria a vida longe da pequena cidade, e fizeram um plano de viagem, seus passaportes, pediram o visto no Consulado dos Estados Unidos em Goiânia no Brasil. Quando foram à entrevista, ela fez um rabo de cavalo no cabelo e no mesmo dia conseguiram o visto de turista para visitar a Disneylândia.&nbspSe prepararam durante alguns meses, compraram a passagem, colocaram roupas novas, juntaram objetos pessoais, roupas,  alguns objetos sentimentais, tudo deu três malas de 30 kg cada. Bolsas a tiracolo, sentimento na razão e com muita emoção partiram para  uma nova vida. No dia da viagem, arrumaram os cabelos, fizeram as unhas e seguiram para o aeroporto acompanhadas de parentes e poucos amigos.Foi tudo tão emocionante, muito choro e que ela ainda lembra desse último dia no Brasil e me conta com lágrimas nos olhos os detalhes.  Como sempre a hora da partida é triste. Tudo que elas tinham ficou para trás, casa, parentes, amigos e a cidade pequena com seus moradores e suas calçadas. Seu pai e sua mãe já tinham falecido, e seus irmãos tinham se casado, e cada um tomou o rumo da sua vida. Ela não fez diferente e partiu.

Chegando nos Estados Unidos elas nem foram à Disney, foram direto na casa onde iriam ficar.  Alguns conhecidos que já moravam nos Estados Unidos se propuseram a ajudá-las, e foram bem recebidos na casa de um deles. Nessa casa onde foram recebidas, moravam  três mulheres brasileiras da mesma cidade e que também entraram nessa aventura de viver como imigrantes.Começaram uma nova vida nos Estados Unidos,  mãe e filha.

Já fazem três anos que chegaram e permanecem juntas até hoje. As duas são lindas, dessas brasileiras de cabelo preto, pele branca, olhar radiante e sempre com um leve sorriso no rosto.Na primeira semana  que chegaram já arrumaram trabalho como ajudante de faxina e começaram a ganhar dinheiro todo dia. Todos os dias acordava às seis da manhã, tomavam seu cafezinho preto, arrumavam suas marmitas e iam mãe e filha para trabalhar. Limpavam de 3 a seis casas por dia. Limpavam  uma casa e quando terminava entravam no carro e iam em outra casa para limpar e em mais outra e se tivesse outra tinha que ir também. Elas nunca tinham trabalhado de faxina, não sabia pegar em um rodo direito. Tiveram  que aprender sofrendo, em um país estranho, mas o ganho compensa, chegava no final da semana recebiam um bom dinheiro.

Foram  tão humilhadas várias  vezes  como nunca tinham sido na vida. Uma vez a mulher que levou ela pra trabalhar de repente começou gritar com ela porque não tinha limpado direito o chão da cozinha e começou a gritar com ela sem parar, ela simplesmente ficou em silêncio. Outra, tratava ela mal, e sempre quando iam ensinar algo para ela faziam com muita estupidez. 

Ela me conta que foi uma época muito difícil para as duas. Às vezes choravam mas aguentaram firmes, não perdeu tempo e nas horas vagas sempre estudava inglês. Aos poucos se organizaram, juntaram um pouco de dinheiro e alugaram seu próprio apartamento. Pensavam que como nao tinham um visto para permananecer nos Estados Unidos o jeito era permanecer ilegal se quisessem realizar aquele sonho de guardar dinheiro, ter uma vida confortavel e viverem com mais seguranca. Assim o fizeram e continuaram ali naquela mesma cidade onde chegaram e permanecem até hoje, uma cidade à beira mar no sul de Nova Jersey.

Stefani gosta de sertanejo e funk, hoje ela tem 24 anos e vive a vida intensamente. Decidiu que quer ser rica, que se não tiver sorte no amor pelo menos que tenha nos negócios. Ela me contou como é sensível e como sendo tão jovem já viveu tanto. Já teve muitas emoções, namorou, amou, sofreu com a separação de seus pais. Teve que se adaptar a uma nova vida e se entrega demasiado às amizades e se apaixona rápido.  Me conta que apesar de tudo está feliz por estar em um país que lhe proporciona segurança e tem trabalho vai para qualquer lugar, aprendeu a dirigir tirou sua carta de motorista aos 21 anos e pode fazer o que quiser com liberdade.  

Não retornaram ao Brasil  e nisto já se passaram  quatro anos que Stefani e sua mãe não viam o irmão de Stefani. Conseguiram juntar algum dinheiro para ajudar o irmão de Stefani, o Douglas vir encontrá-las pois a saudade e a vontade de se reunirem era grande. Passado um tempo deu tudo certo e as duas foram buscar ele no aeroporto John  Kennedy em Nova Iorque. A emoção do encontro depois de tanto tempo sem se encontrarem veio e o choro foi inevitável.O encontro deles foi lindo. Eu pude presenciar, me emocionei diversas vezes com a história dessa família, foram  muitas conversas entre eles.

Muitas palavras não ditas neste tempo de separação e que precisava agora depois de todo esse tempo perdido de convivência ser recuperado nas poucas semanas que ele esteve junto com elas. Fizeram todos os passeios que o Douglas queria, ele aprendeu a falar inglês sozinho no Brasil, nunca frequentou nenhuma escola. Aproveitaram o máximo do tempo com ele. No dia marcado para Douglas ir embora foi triste e os três choraram, se abraçaram e prometeram nunca esquecer do amor que os une para sempre. Até hoje, ao escrever esta história eu me emociono e as lágrimas vêm aos olhos, porque eu sei como esse sentimento vem forte e afeta quem passa por uma  separação familiar onde você não pode ver e nem tocar quem você ama por anos e anos a fio. O encontro é emocionante e a felicidade é como um raio, ela vem e vai embora rápido.  O sonho é lindo, e a realidade é dura, às vezes triste mas sempre com positividade.

A vida segue, e a vida  continua; como imigrante em um país distante você tem que falar outra língua, aprender novas culturas e trabalhar muito se quiser sobreviver. Independente de todos os problemas que os imigrantes têm que enfrentar no exterior continuam firmes. Vem uma força de não sei onde que passa por cima das lágrimas, da emoção do encontro com o familiar que agora está longe de novo e que não  pode tocar.Fale comigo

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12/01/2023

O amor de Hachiko - True Story - Shibuya, Japan

Hachiko, o cachorro inteligente de Shibuya


Historia ficticia


Leia ate o fim e veja como um cahorro pode ser inteligente e com muito amor para dar ao seu dono.
Havia um cachorro japonês da raça Akita na década de 1920,seu nome era Hachiko e ele pertencia ao professor Eizaburo Ueno, que viveu em Shibuya na cidade de Tokyo no Japão. Eizaburo Ueno lecionava na Universidade Imperial de Tóquio.Todos os dias quando o professor Ueno saía para trabalhar, Hachiko o cachorro o acompanhava até a estação de Shibuya, bairro famoso no centro de Tokyo. Por ser um trabalho de professor universitário, ele tinha o mesmo horário para entrar e sair do trabalho, portanto era mais fácil para ele se deslocar todos os dias no mesmo horário de ida e volta do trabalho para casa e vice-versa. Quando o seu dono pegava o trem, o cachorro voltava para casa. Todos os dias eles repetiam o mesmo trajeto. O professor ia ao trabalho de trem, e Hachiko o acompanhava até a estação de Shibuya, quando o professor entrava na estação, Hachiko voltava para casa sozinho e nunca errou o caminho.

Quando chegava à tarde na hora que seu dono voltava do trabalho e chegava na estação, todos os dias Hachiko estava lá para buscá-lo. Os comerciantes ao redor da estação já conheciam muito bem Hachiko e seu dono, e admiravam o super cachorro, Hachiko.

Passado um tempo o professor Eizaburo Ueno faleceu e Hachiko continuou vindo a estação durante dez anos após o falecimento do professor,  ele ficava ali na porta da estação esperando seu dono aparecer. Os comerciantes que têm seus comércios ao redor  dessa estação sofremram ao ver a dedicação do cachorro com seu dono e como ele voltava triste para casa quando seu dono nunca chegava. 

Um dia, a senhora que cuidava dele  cansou de ver ele sofrer tanto e ir todos os dias na estação, esperar por seu dono, o dono nao voltava, e o cachorro voltava triste para casa. Ela ficou com dó e mandou ele para um abrigode cachorros. Nesse mesmo dia, Hachiko saiu correndo do abrigo que ficava a dez quilômetros da estação e  voltou correndo para a estação e desde então ficou a  esperar seu dono todos os dias até que um dia ele morreu na entrada da estação de Shibuya.




Os comerciantes no entorno da estação cuidaram dele todos os dias até o dia de sua morte. Em homenagem a Hachiko fizeram uma estátua ao lado da estação de Shibuya onde ele faleceu. O local virou um importante ponto de encontro em Shibuya, e agora além de ponto de encontro também virou  um ponto turístico, onde tem uma estatua do Cachorro.
Todos os dias varias pessoas passam por la e tiram fotos com o monumento. Ate eu fui, of course


©todososdireitosreservados 

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21/12/2022

Banho Japones- SPA- Ofuro

 


Ofurô- Oguikubo


Hoje este post vai para todas as pessoas que amam o Japão, sua cultura e querem sempre aprender um pouco mais. Esta cultura do banho no Japão data de séculos e séculos, quando conseguiram canalizar as águas que correm quentes próxima dos vulcões.

Principalmente os brasileiros que visitam o Japão ou os descendentes que moram no Japão precisam saber que os banhos de ofurô, cento e onsen são uma verdadeira fonte de saúde e curam várias doenças  


Fui com minha filha neste banho em Tokyo, no Japão. Fazia anos eu vinha sempre ao Japão, e voltava para o Brasil sem ir em um bom banho. Desta vez deu certo e frequentei várias vezes este local e outros interessantes e bom para banho. Quando morei no Japão por doze anos eu conheci cada canto onde tem um banho, seja grande ou pequeno. E a saga continua. 


Nagomiya, em Ogikubo -Tokyo- é um SPA bem conhecido e vem pessoas de vários lugares de longe do país para conhecer os tipos de banho e sauna que eles oferecem. O lugar é de alta tecnologia, desde o momento na portaria até o pagamento final. 

Na portaria você começa a escolher um plano para o dia desde se tornar sócio, ou apenas o plano do dia com vários tipos de descontos e preços diferentes. O local fica ao lado da estação de Ogikubo em Tokyo. O prédio tem cinco andares e todos os andares são destinados aos clientes.


Na entrada você tira o sapato, coloca-o  no armário, tranca e guarda a chave na sua bolsa. Cuidado porque se estiver chovendo não pode apenas entrar com o guarda chuva. Na entrada tem um saco de plástico bem grosso em formato de guarda chuva, coloca seu guarda chuva dentro e leva com você. 


Na portaria que fica no térreo, após escolher o plano eles te entregam um cartão, uma chave e duas trocas de roupas. Pode escolher a roupa que quer usar no cardápio digital onde mostra o modelo nos tamanho pequeno e grande.  Eu escolhi a roupa que parece mais um kimono com uma bermuda. Esta chave que você vai receber na portaria  é para abrir o armário para colocar suas coisas e trancar. Você coloca o cartão na fechadura, ao sair tranca com a chave e deixa o cartão lá. Só vai pegar o cartão quando terminar tudo.  A chave tem um  código de barras, se você for comer algo lá dentro, pegar uma bebida na máquina, um sorvete, ou comprar algo que precisa, tipo escova de cabelo, escova de dentes etc. vai usar o código de barras que está na chave.  Para cada tipo de produto uma máquina diferente. O sistema  é complexo, a vida no Japão é hightech. Tudo que você gastar lá dentro será armazenado no seu cartão que você recebeu na entrada para fazer o pagamento final quando sair. 


Tem que prestar atenção na explicação porque uma das roupas é para usar apenas nos banhos de rocha e sauna de pedras do terceiro e quinto andar. A outra muda de roupa  é para ser usada quando você vai para o segundo andar.  Se você for mulher vai para o segundo andar e se for homem vai para o quarto andar, locais onde tem as banheiras. 


Na portaria o atendente  vai te mostrar um folheto e explicar sobre tudo que tem lá dentro e o que você pode  desfrutar no dia.  A explicação é falada e escrita em japonês, então se quiser entender tudo e se não souber falar japonês tem que ir com alguém que fale bem japonês. Também neste folheto tem um formulário que você pode preencher caso queira tornar-se sócio. Sendo sócio os descontos são maiores. Eu fui com minha filha e ela traduziu toda a explicação para mim. Se você não entender como funciona  pode perder um bom desconto.


Os preços variam; durante a semana é mais barato e no final de semana e feriados é

mais caro. Por um dia se você não usar o quinto andar paga 600 ienes a menos, e o valor total

fica 3.500 (três mil e quinhentos ienes) se você conseguir um bom desconto.

Pode procurar o desconto no site ou insistir com eles onde tem um desconto. Se não

conseguir o desconto vai pagar (quatro mil e duzentos ienes com a alimentação).

De qualquer forma, mesmo pagando a mais vale a pena conhecer este lugar.


Por exemplo, pode escolher  um plano que se você comer a comida recomendada por eles você paga bem menos pelo pacote do dia. E incrivelmente a comida é bem servida  e  melhor que aquela se não tiver um plano. 


Nenhum plano contempla os vários tipos de massagens que tem no prédio, para as massagens, banhos especiais, massagens de óleo etc.. tem que pagar tudo separado. Pode escolher e pedir na portaria, mas se preferir você pode usar o interfone depois e ligar na portaria e reservar. Eu achei as massagens e os tratamentos de óleo muito caros lá, então não fiz nenhum.  Logo mais abaixo explico melhor sobre cada andar.


Para subir nesse banho no quinto andar você passa no vestuário que fica  no segundo andar, coloca o cartão na fechadura indicada com o número da chave, abre com a chave, para fechar você tranca apenas com a chave, o cartão fica preso la na fechadura e você pode tirar ele só no final.  Coloca a roupa própria de ir no  quinto andar, e no pulso a pulseirinha colorida de papel que eles também te dão na portaria caso você queira usar o quinto andar. Pode levar o celular.  Pega a toalha grande,  que servirá para estender na rocha de sua escolha, fica a vontade para trocar de rocha a hora que quiser. 


Quando você chega no quinto andar tem uma geladeira pequena tipo uma prateleira com vidros transparentes que você pode colocar seu nome na sua garrafa e guardar sua água. Tem também um guarda celular, você põe o celular trancado e leva a chave. 


São cinco  portas diferentes, dois deles são banhos de rocha, e um terceiro é banho terapêutico, e o outro é uma sala de cores terapêuticas. No quinto andar a maioria è unissex, mas tem uma sala para o banho de rochas que so entra mulher e tem temperatura ambiente; os banheiros sao separados feminino e masculino. Tem também uma sala grande com sofás de cores vibrantes para relaxar, e uma biblioteca de revistas em quadrinhos, os famosos mangás que você pode ler à vontade. Neste espaço tem wifi que está com a senha a vista para todos que quiserem. 

 

Quinto andar


1) Banho na rocha de mármore, não é bem um banho mas parece porque você fica todo molhado de suor. São rochas aquecidas, você estende a toalha marrom que te deram e deita em cima delas. Tem três tipos de pedra de mármore, com lugar para oito pessoas de cada vez. Cada pedra libera certos tipos de íons que fazem bem para seu organismo e aquece o corpo de dentro para fora. É indicado para tirar o stress , o cansaço, a ansiedade e várias outras doenças.   


2) O segundo é banho de rocha  também, mas outro tipo de rocha, como o primeiro você deit. Esse banho tem os mesmos tipos de rochas e a temperatura è ambiente. Ele é bom para relaxar e até tirar um cochilo porque a temperatura é ideal. Você fica lá deitado, pode levar o celular ou apenas relaxar. Só entra mulheres, pode entrar a vontade mas chega um momento que vem uma professora dar aula de yoga, tem que agendar antes e pagar separado do valor da entrada.


3) Sauna de pedras. No centro tem um monte de pedras empilhadas dentro de um recipiente com uns 1.50cm. de altura, e em cima no teto tem um tipo de abajur redondo com três camadas, parece que você tá em outro mundo. No meio da sauna a pessoa que está dirigindo a sauna no dia, liga este aparelho que tem uma luz e espirra água em cima dessas pedras que chega a 80 graus centigrados. Ao lado dessas pedras têm um balde de água com uma concha enorme dentro que serve tambem para jogar agua nas pedras. Você se sente em outro mundo. Tem os assentos em  formato redondo com os lugares para sentar. Cabe cinquenta pessoas de cada vez, você escolhe sentar na parte de cima ou embaixo, em cima é mais quente.


O horário que começa o ritual está fixado em um mural ao lado da porta. Quando começa todos que ficaram na fila, recebem uma toalha pequena, marrom para os homens e rosa para as mulheres. Eu falo pra minha filha que é o banho da toalha e a gente dá risadas.

Todos sentam, e a pessoa que está fazendo o trabalho explica que tem que cobrir a boca e o nariz com a toalha,  a gente fica  com a boca coberta, é divertido. 


Quando começa o ritual o homem pega a concha e joga a água nessas pedras empilhadas e a temperatura aumenta, ele joga umas três conchas de água. Esquenta muito e ele avisa que se alguém passar mal pode sair. Após jogar a  água ele pega uma toalha grande com uma parte enrolada e a outra solta e começa a movimentar essa toalha bem forte por cima da cabeça de todas as pessoas que estão sentadas. Você fica lá só esquentando o corpo e o suor descendo. Ele dá essa toalhada duas vezes, joga mais água e de novo dá mais duas toalhadas. Todo o ritual demora 15 minutos mas é o suficiente para molhar toda a roupa. No final todos batem palmas.

 A sensação quando você sai é muito boa, você se sente leve e relaxado. 


4) Sala terapêutica: nesta sala você vai entrar como se entrasse em um útero, o ambiente foi projetado para você ter a mesma sensação de quando você estava no útero de sua mãe. Cor, calor, cores, sons e formato, tudo conforme se estivesse no útero. São separados com lugares para duas pessoas ou apenas uma e cabe dez pessoas de cada vez. Pode deitar ou sentar, tem um puff para cada pessoa e o chão da sala é todo coberto com sal do Himalaia. O sal do Himalaia quente libera certos tipos de íons que relaxa também e ajuda na circulação sanguínea.


5) O banho das cores é sentado, para cada cor uma cura. É uma poltrona que cabem duas pessoas. É um método de alta tecnologia que eles inventaram para funcionar bem a terapia das cores, as cores vão mudando e aparece em um painel ao lado de cada poltrona. A mudança das cores reduz o estresse e relaxa a mente, é chamado banho de cor. Azul para acalmar, verde para tranquilizar seu coração, vinho atrair prosperidade, vermelho para ter mais positividade, rosa para ficar feliz e  branco para trazer coisas novas para sua vida. 


Quarto andar

Vestuário dos homens, banhos de banheira apenas para homens, os famosos ofurô. Provavelmente é igual ao segundo andar onde tem as banheiras das mulheres. 


Terceiro andar

Restaurante, banho de rocha e salas de massagem.

Tem uma sala de sauna de rocha, com pedras diferentes das do quinto andar; tem uma que são ágatas, sim aquelas pedras de ágatas que são encontradas no Brasil.  Foram colocadas várias, uma ao lado da outra e você pode deitar  em cima dessas pedras. 


A pedra de sal do Himalaia também faz sua parte, aquecidas elas têm um efeito curativo e relaxante sobre todo o corpo. 


A pedra de magna que é aquela pedra que a base dela é o magma dos vulcões. Essa pedra de magna quando aquecida tira o colesterol, ajuda a circulação sanguínea, relaxa, tira ansiedade, estresse, dor nas costas, dor no joelho. Todos os banhos de rocha aquecem o corpo de dentro para fora.

Você escolhe a pedra que quer deitar, estica sua toalha e fica o tempo que aguentar, porque é quente. Para cada pedra uma cura. Você pode desfrutar de cinco tipos de minerais. Eficaz para um sono confortável e no teto tem um jogo de luz suave que influencia nos cinco sentidos.


Segundo andar


- Vestuário das mulheres, banhos de ofurô e saunas também.Tem tudo, não precisa levar nada de casa. No ofurô tem sabonete para o rosto, sabonete para o corpo, shampoo e condicionador, e tem também aquele óleo para retirar a maquiagem. Empilhadas em um canto tem umas buchas em formato de toalhas  para se esfregar que você pode usar à vontade.  Essa bucha ajuda a retirar as células mortas do corpo.


São vários tipos de banheiras, hidromassagem, banho de seda, banho de água gelada, banho com água que eles trazem toda semana da beira do vulcão, com várias propriedades curativas.  Nas banheiras de seda e hidromassagem a temperatura pode chegar a 40 graus. Vai entrando devagar que você se acostuma e quando percebe já não sente mais que é tão quente. As borbulhas do banho de seda penetram na pele retirando toda a sujeira acumulada.


Pode desfrutar da sauna de sal e da sauna seca. Eu aproveito e faço uma massagem com sal no corpo e já tira tudo a ziquizira. Tem uma coisa que não se pode esquecer e que serve para qualquer banho de ofurô que você for no Japão: tome banho antes de entrar na banheira, se esfregue bem, limpa tudo antes de entrar. Não pode colocar toalhas dentro da água. Também não pode ficar conversando porque atrapalha quem está lá para meditar ou apenas relaxar. Para manter bom para todos é importante observar as regras. Se você descumprir as regras, alguém vai te avisar que está tudo bem. 


Além de tudo ainda tem  banho de gás ácido que é excelente para ajudar na circulação sanguínea, problemas no coração, artrite, e além de tudo  aquece o corpo. Nessa nascente as fontes carbonatadas de concentração ultra alta são utilizadas há séculos para tratar e prevenir doenças tais como: neuralgia, reumatismo, sensibilidade ao frio. Na banheira você tem que ficar sem se mexer pelo menos trinta minutos, as borbulhas do gás vão encostar  toda no seu corpo, é aí que começa o processo de cura. 


Normalmente eu fico trinta minutos lá parada, e faço várias entradas. Tem gente que até dá uns cochilos lá, e a água è na temperatura ambiente. Esta água gaseificada também pode ser encontrada na Alemanha oriental, onde eles também utilizam para banho. 


 -Espaço para secar o cabelo e cuidar da pele. Tem cotonete, loção  para o rosto, creme para o rosto e corpo e secador de cabelo. Uma penteadeira separada para cada mulher. É um entra e sai o tempo todo.


Térreo


Portaria 

Quando terminar tudo, você desce na portaria e nem precisa falar com o atendente para pagar. Tem uma máquina touch onde você coloca o cartão ao lado e no visor mostra o valor, você aceita, faz o pagamento no cartão ou dinheiro. Aguarda e você receberá um recibo e um outro papel com um código QR . Este código QR você mostra ele na catraca da saída e abre automaticamente.  


-Sub solo 


São várias poltronas reclináveis que você pode apenas encostar ou deitar totalmente. Tem que fazer silêncio total. As pessoas vão lá para relaxar ou dormir mesmo, tem gente que ronca que é uma beleza. Em cada cadeira tem uma televisão pequena que você pode ver o que quiser. 


Ao lado da sala dessas poltronas  tem a sala de trabalho, pode conectar seu computador, usar o wifi e ficar trabalhando o tempo que quiser.


Finalização


Não se preocupe em pagar mico, porque vai pagar, principalmente se for a sua primeira vez em um banho desse. Fica tranquilo porque os japoneses são receptivos, eles não vão rir de você. Eles entendem que você é estrangeiro e não sabe tudo. Sorria e siga em frente. Um novo mundo se descortinou à sua frente, agora é só relaxar e ir para casa dormir.  


O banho é tão bom que na última vez que fomos passamos dez horas lá dentro.

Tem que ficar esperto porque dependendo do horário que você entra você terá poucas horas para ficar lá. Para quem não entende tudo é melhor entrar lá apenas depois das 10 da manhã. Abre às 7:30 fecha às 9:30 e abre de novo às 10:30 e fica aberto ate 1pm. 


Como falei é bem complexo mas você precisa saber de quase tudo para poder desfrutar de uma das melhores partes desta cultura milenar que é a cultura japonesa. 


@todososdireitosreservados



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19/12/2022

Perdeu o amor dos filhos ao procurar uma vida melhor

                              

                   

Essa é uma obra de ficção e qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência


A mulher me procurou porque ficou sabendo por uma outra pessoa que eu era costureira. Ela disse que queria fazer algumas capas de almofadas. Me mostrou o modelo, as cores que queria e ficou bastante tempo no meu quarto. Eu alugava este quarto na casa de uma família e estava como turista de longa data naquela pequena cidade à beira mar em New Jersey. 
O tempo passou rápido e  eu percebi que ela tinha lágrimas nos olhos enquanto conversavamos e disse que me convidaria para almoçar com ela em um restaurante chinês enorme ali na cidade de Eatontown ao lado da cidade de Long Branch, em New Jersey e que tinha vários pratos diferentes de comida chinesa. 
Como prometido, um dia ela me ligou, fez o convite e passou na minha casa de carro. Entrei naquele carro grande, bonito e com cheiro de produtos de limpeza, havia rodinhos e panos de chão. 

Era um restaurante enorme, tipo self service, parecia os restaurantes brasileiros com enorme buffet. Então pude experimentar vários pratos deliciosos da culinária chinesa. Ela não sabia, mas falou com a pessoa certa, eu respeito muito quem me oferece comida mais do que qualquer outra coisa.  A comida é sagrada e quando a pessoa oferece é porque quer dar o seu melhor. No restaurante sentamos em uma mesa grande só para nós e ela disse que eu poderia me servir a vontade e pedir a bebida que eu quisesse que ela iria pagar tudo. 
Com os olhos cheios de lágrimas ela começou a me contar sua história de vida.

Ficamos quatro horas lá dentro, lá fora fazia muito frio e o chão estava todo branco coberto de neve. 
Me contou que quando ainda morava no Brasil era casada e teve três filhos, um menino e duas meninas. Ela era dessa pequena cidade do interior de Goiânia e sonhava em um dia morar nos Estados Unidos para dar uma vida melhor aos filhos. Ficaria alguns anos e depois voltaria com certeza para continuar a vida pacata de interior ao lado de seus filhos e sua família. 
O pai já tinha abandonado a família fazia tempo e não ajudava em nada. Sua família fazia o possível para ajudá-la, mas assim como ela tinham poucos recursos financeiros. O pai, não vinha ver os  os filhos toda semana,  só vinha quando dava na cabeça e bem de vez em quando.

Ela sempre teve essa vontade de ir para algum lugar onde pudesse trabalhar e ser bem paga pelo trabalho duro que sabia exercer: fazer faxina.
Finalmente ela conseguiu se organizar com a ajuda da familia e foi de encontro ao seu sonho. No Brasil ela deixou toda sua família, mãe, irmãs e seus maiores tesouros, seus filhos. Ela me conta que deixou os filhos com a irmã e a mãe. Com a família ela confiava em deixar seus filhos porque sabia que sua família iria cuidar bem deles e falar coisas boas sobre ela. Poderiam explicar para as crianças  sobre o todo o esforço que ela fazia em ficar longe e trabalhar duro por elas. 
As crianças eram ainda pequenas, três, cinco e sete anos. A sua irmã mais velha ficou responsável por eles e o resto da família dava suporte. 

Após a viagem dela o pai começou a vir todos os finais de semana para buscar as crianças. Passados seis meses que ela foi embora, um dia,  o pai levou as crianças em um final de semana e nunca mais devolveu para a irmã. Ela agora tinha que ligar todos os dias para a casa de sua ex-sogra e pedir para falar com os filhos. Foi desse dia em diante que ela começou a sofrer, porque o ex marido e a ex sogra a criticavam muito e diziam que o dinheiro que ela estava dando não dava para os gastos e pediam cada vez mais dinheiro. Ela passou a enviar dinheiro para a conta dos pais das crianças em vez de mandar para a irmã.

Todos os meses ela mandava dinheiro para comprar tudo que as crianças precisavam. Com seu trabalho de faxina nos Estados Unidos conseguia pagar até uma escola particular para os três. Trabalhou primeiro como ajudante de faxina e depois conseguiu seus próprios trabalhos e às vezes levava uma ajudante. 
Ela sustentava as crianças em tudo. Roupas, comida, escola, enviava pelo correio roupas de marca, tênis, casaco, brinquedos, produtos eletrônicos e tudo que eles pediam. Todos lá no Brasil ficavam felizes porque eles nunca tinham possuído tantas coisas. Ela sempre deixava de comprar as coisas para ela, mas para os filhos ela nunca deixava de mandar dinheiro e comprar coisas para eles. 
 
Os filhos cresceram longe da mãe, as meninas gostavam de estudar, mas o menino nem tanto. Ficaram adolescentes, o menino já ia fazer dezoito anos e a mãe ainda não tinha voltado nenhuma vez para o Brasil e havia se passado tantos anos longe dos filhos que ela nem se lembrava mais quanto tempo fazia. As crianças cresceram vendo apenas o dinheiro entrando, falavam com a mãe todos os dias pelo telefone mas não podiam abraçá-la. 
Ela começou a perceber que as conversas com o filho mais velho já não era como antes, as meninas raramente queriam falar com ela e, quando falavam era para pedir mais dinheiro ou pedir para ela mandar algo. O pai do menino contou que o menino tinha começado a usar drogas e não sabia o que fazer mais para ajudar ele. 
Nessa mesma semana ela falou com os filhos e tiveram uma discussão porque ela disse que não ia mandar mais dinheiro para eles e que estava cansada de só mandar dinheiro  e eles não respeitavam todo o esforço que ela fazia. Eram mal agradecidos e sempre queriam mais. 

Ela nunca imaginou que um dia os filhos não quisessem mais falar com ela. Estava triste e chorando. Faz várias semanas que queria falar com os filhos mas eles não atendiam mais os telefonemas dela porque ela tinha parado de mandar dinheiro. 
Eu só pude ouvir e dar meu ombro para ela chorar e disse que o que ela estava passando era a realidade de muitos imigrantes que vão tentar a vida em outro país.Também aconselhei ela a voltar e tentar reconstruir esses laços maternos que com o tempo e a distância se quebram. 
Quando os pais e ou cuidadores que ficam no país natal com as crianças  têm compaixão e ajudam o imigrante a manter um bom relacionamento com os filhos o sofrimento diminui. 
Ajudar mais em vez de criticar, só quem passa por isso sabe o esforço e as dificuldades que os imigrantes encontram no exterior. O frio, a solidão, a saudade e o cansaço fazem parte do cotidiano de todos. Vida de brasileiros no exterior parece facil, mas o dia a dia que se ve o que cada um passa no exterior.

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22/02/2022

O sonho de Katia na America do Norte

 


Demorou alguns minutos depois que nós nos conhecemos e ela me contou sua história de vida e como veio parar nos Estados Unidos.

Neste dia eu fui a lanchonete brasileira próxima ao correio da cidade de Long Branch, pedi um pão de queijo, bolo de milho e um café. Ao meu lado sentou essa jovem, ainda com cara de menina, nos cumprimentamos mesmo sem nos conhecer e começamos uma longa conversa. Seu nome é Kátia e logo de cara nos demos bem. Começamos uma conversa que chegou ao final mas ficou aquela sensação de que ainda não acabou. Sabe aquela conversa que depois te deixa pensando: “- Essa conversa ainda não acabou!” “- Nos conhecemos agora mas temos tantas coisas a serem conversadas.”  Quando viajo para outro país eu vejo que cada imigrante vem com sua história de vida, carregada muitas vezes de sofrimento mas com vontade de realizar seu sonh


Katia me contou que sua  mãe e seu pai trabalhavam na roça, no Estado de Minas Gerais no Brasil. Os pais trabalhavam na roça de outra pessoa, eles têm quatro filhos e ela é a menor. Para as crianças da roça era normal aquela rotina de ajudar os pais um pouco lá e acolá. Eles cuidavam de galinhas, porcos, ovelhas, bezerros, vacas e de tudo que o dono da roça mandava. Tiravam leite da vaca, davam comida para os porcos, milho para as galinhas e regavam as hortaliças todos os dias. 


Um dia, o casal ouviu  falar que dava para viajar a outro país e chegar aos Estados Unidos, atravessando a fronteira do México. Souberam também que várias famílias de lá mesmo da cidade deles no sul de Minas e pessoas da roça já estavam indo. Eles se empolgaram e quiseram ir também. Gostaram da idèia porque  conseguiriam ganhar um pouco mais de dinheiro e dar uma vida digna aos seus quatro filhos; uma escola melhor, e boa alimentação. Se sobrasse algum dinheiro poderiam economizar para comprar a própria roça no Brasil. 


Empolgados com a vida melhor que teriam seus pais se prepararam para viajar aos Estados Unidos.  Portanto, nem tentaram um visto e decidiram que entrariam ilegalmente pela fronteira do México. Era década de 80 e tudo era normal. 


A viagem foi planejada com alguns poucos amigos de confiança e a família. O casal juntou tudo que tinham em 3 malas, preparou os 4  filhos, abandonaram a roça e foram embora. Os filhos  tinham respectivamente 07, 11, 13 e 15 anos.  A mais nova, a menina Kátia è que me conta esta história hoje.


Seus pais só conseguiram vir aos Estados Unidos porque tinha um amigo da família nos Estados Unidos que poderiam ajudar no que fosse preciso. Saíram todos bem arrumados da roça, com roupas novas, a mãe com unha feita, cabelo alisado, naquele tempo ainda  alisado a ferro. 


No dia da viagem a família estava toda reunida para a despedida. No aeroporto as crianças choravam e davam tchau aos avós que iriam ficar na roça e nem sabiam se um dia iriam reencontrar os netos.


Chegaram na cidade do México pelo aeroporto internacional  e seguiram  em direção a primeira cidade de fronteira. Na fronteira próxima ao rio, já não tinha como carregar e largaram as malas e tudo para trás. Esta parte do rio não é funda e dá para atravessar a pé mesmo,  mas as  crianças menores e as grávidas são levadas em uma canoa. Foi uma travessia difícil e  demorou alguns dias até que desse tudo certo e eles conseguissem ir para dentro do outro país. 

Chegando do outro lado, já nos Estados Unidos, caminharam muito até encontrar a primeira cidade onde pudessem tomar um avião e ir encontrar os amigos. 


Foram bem recebidos, nos primeiros dias tiveram que dividir casa com mais 9 pessoas; todas vindas do mesmo estado mas de cidades diferentes. Ficaram em uma casa com três quartos, dois banheiros, uma cozinha e sala de estar.  Os amigos que já estavam ali arrumaram trabalho para o casal. Ela foi trabalhar na faxina e ele na construção. Nos primeiros dias as crianças ficavam sozinhas em casa, os maiores cuidam dos menores. Após duas semanas as crianças já estavam todas na escola. Me disse que foi muito difícil  a vinda para os Estados Unidos porque teve que deixar seus amigos, seus avós e seus animais de estimação no Brasil.


Os pais  trabalharam duro durante sete anos, juntou dinheiro que dava para comprar uma pequena roça e  resolveram voltar para o Brasil.  Kátia me disse que não teve opção e contra sua vontade foi obrigada a voltar com os pais para o Brasil. Ela estava com 14 anos e os  outros três filhos, os homens  já com a mais de 18 anos decidiram ficar  nos Estados Unidos mesmo vivendo ilegalmente. A família se  separou, uns pra cá e outros pra lá. 

Os três jovens ficaram sozinhos, longe de seus avós, seus pais, primos e de toda a família. Assim como eles, tem vários jovens que ficam sozinhos, porque os pais resolvem voltar ao Brasil. Esses jovens trabalharam duro tanto quanto seus pais.Levavam uma vida normal com todas as dificuldades que um imigrante encontra. 

 A volta ao Brasil tambèm não foi fàcil para Katia pois teve que deixar seus colegas de escola e seus irmãos nos Estados Unidos. Na escola ela aprendeu a amar os Estados Unidos, como qualquer outra criança que estuda em escola americana. Me disse que poderia ter uma vida melhor nos Estados Unidos se seus pais não tivessem feito a besteira de ter ido embora e a levado. 

 Os pais levando ela de volta ao Brasil tiraram dela seu sonho de poder virar uma adolescente “Dreamer” (nome dado às crianças trazidas pelos pais e que cresceram nos Estados Unidos). Essas crianças passaram a ter alguns direitos a mais como imigrantes indocumentados, como por exemplo o acesso a alguns benefícios sociais do governo e um número de identificação, tipo um cpf nosso.  Elas também estudaram nas escolas americanas até o segundo grau. Após os estudos muitas delas têm  a possibilidade de se casar com algum  jovem americano e se tornar um cidadão legal com permanência.  Nas escolas muitos namoram e se casam entre si. Alguns americanos após o período escolar até se casam para ajudar algum colega de infância que esteja precisando de documento como uma gentileza ao amigo.

A vida escolar dela foi cortada e de novo as amizades deixadas para trás. Ela me diz que fica um pouco triste por isso porque aprendeu a amar este país mas não tem nenhuma chance para ela.


Ela passou parte de sua adolescência no Brasil e quando fez dezoito anos resolveu  voltar aos Estados Unidos. Como não conseguiu entrar legalmente, há 4 anos atrás, entrou ilegalmente pela fronteira do México, veio sozinha. Até  tentou o visto uma vez mas não conseguiu e resolveu se arriscar e deu certo. 


Hoje ela está casada com um brasileiro indocumentado como ela e juntos tem uma filha de 9 anos. Ele trabalha na construção e ela na faxina. Nós conversamos bastante e passamos o dia juntos. Eu a observava e achei a história dela diferente. O que mais me chamou atenção foi o jeito dela falar. A voz dela mudava quando falava inglês e tinha uma entonação diferente de quando falava portugues. Eu até perguntei se ela ficou com alguma sequela no cérebro por causa deste transtorno na vida  e ela me disse que não. Tem alguns aborrecimentos às vezes mas que já superou o fato dos pais terem feito isso com ela.


Os seus dois irmãos que ficaram nos Estados Unidos quando trabalharam na construção, em lanchonetes e em outros trabalhos que como ilegais poderiam fazer. Viveram seus sonhos de adolescentes, tiveram seus momentos de rebeldia sem apoio presencial de seus pais, tios, ou  avós. Receberam ajuda dos outros brasileiros da comunidade, dessa pequena cidade ao sul de New Jersey. Um dia cresceram e ficaram adultos, constituíram família.Seus filhos nasceram nos Estados Unidos, são americanos e estão indo a escola. Diferente do Japão que não dá nacionalidade para filhos de pais estrangeiros os Estados Unidos dá a nacionalidade para quem nascer no país. 

Não foi fácil, mas eles venceram, e hoje cada um tem sua família, um deles até conseguiu se legalizar e hoje tem a cidadania americana. 


A vida é assim, às vezes as pessoas se deparam com algo que não esperava que fosse acontecer. Às vezes um fiasco que você dá tudo pode mudar.  Os pais que estão no Brasil já fizeram de tudo para voltar com visto mas não conseguiram. Pediram perdão na corte americana mas não foi aceito. Quem entra pelo México ilegalmente e é descoberto não tem perdão.  Agora eles estão mais velhos e não tem mais coragem de se arriscar e entrar ilegalmente de novo pelo México como é o caso de muita gente. 


Já fazem dez anos que Kátia voltou ao Estados Unidos e me disse que sente muita saudade de seus pais, não vê a hora em que seus pais possam vir conhecer o neto. Reunir a família de novo se tornou um sonho quase impossível.  

A corte americana tem uma pena maior para quem entra ilegalmente pelo México. Desses, alguns passam a vida inteira tentando e não conseguem se legalizar  mesmo  casando-se com cidadãos americano. 


Esses pais irão demorar muito tempo para ver seus filhos, mas como a esperança é a última que morre eles continuaram  tentando.  

Katia não pode ir ao Brasil porque se for não consegue retornar. Quem fica ilegal e é pego tem uma pena de dez anos sem poder retornar.  Agora ela tem um filho americano, o filho poderia ir ao Brasil e retornar mas ela não. Enquanto isso é seguir trabalhando e vivendo a vida que tem que ser vivida do jeito como Deus queira. 


Para finalizar eu quero dizer que já ouvi muita gente falando que não tem esse sonho americano ou que  não entende porque as pessoas têm esse sonho com Estados Unidos. Quem não entende è porque nada o levou a pensar nisto, mas se um dia você estiver em uma situação que precise deste país para algo você vai entender o que significa esse sonho. Enquanto isso vamos continuar respeitando os sonhos dos outros. Sonhar faz parte da vida de alguns.

É a vida acontecendo, são pessoas, seres humanos se movendo no mundo com suas aspirações, sonhos e sofrimento. Desta forma o mundo se transforma. A vida muda, o sonho muda mas ele nunca morre.


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Imigrante no Japao- 1993

Chegamos no Japão, eu com minha família, duas filhas e o marido nativo do Japão.  Era mês de agosto, estava calor e era o mês das festas...

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